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Baixos caudais no Tejo colocam produção agrícola em risco em Abrantes e Constância

08 jun, 2021 - 17:56 • Lusa

Representante das dezenas de agricultores afetados alerta para a "necessidade urgente" de água e apontam o dedo a Espanha.

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Os baixos caudais no Tejo estão a colocar em risco a produção agrícola em cerca de mil hectares na zona de Abrantes e Constância, tendo o representante das dezenas de agricultores afetados alertado para a "necessidade urgente" de água.

"O grande problema é que, desde sexta-feira e até hoje, o rio vai com um caudal de uma ribeirinha e as captações dos agricultores estão sem poder tirar água do Tejo [para a rega] e estão a ter problemas económicos", disse à Lusa Luís Damas, presidente da Associação dos Agricultores de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação, no distrito de Santarém, que alertou para a "necessidade urgente de água nas próximas horas.

Segundo notou aquele responsável, "com a falta de água dos últimos dias vamos já ter perda de culturas e, a continuar assim, vamos ter perdas totais, o que é muito grave para a economia da região, assim como para toda a ecologia do rio e de tudo o que vive à volta do rio".

Em causa, afirmou, estão cerca de mil hectares de terrenos férteis nas margens ribeirinhas dos concelhos de Abrantes e de Constância, e onde a falta de água está a afetar a produção de milho, trigo e girassol, e as culturas permanentes, como o olival, macieiras e amendoeiras.

"A situação é pontual, mas já não é de agora", afirmou Luís Damas, tendo feito notar que os agricultores "estão dependentes da boa ou da má vontade dos espanhóis em libertar água" a partir da barragem de Alcântara, em Espanha.

Nesse sentido, o representante dos agricultores defendeu que "Espanha deveria libertar um caudal diário e não um caudal semanal obrigatório", tendo referido que, com o acordo em vigor pela Convenção de Albufeira, os espanhóis "têm um caudal semanal para lançar para o rio, mas podem num dia lançá-lo todo, ou seja, num dia temos uma barrigada de água e nos outros dias a água escasseia".

Luís Damas defende que a solução poderá passar por um "acordo entre os governos dos dois países" de modo a assegurar um "caudal mínimo diário" e, ao mesmo tempo, do lado português, "que o governo assegure uma solução para o nosso território, com melhoramentos na barragem da Pracana ou outro reservatório no rio Ocreza".

Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Abrantes disse que o problema "não é novo" e que "há muito tempo" vem "alertando para a questão da irregularidade" dos caudais no rio Tejo.

"Há muito tempo que alerto para esta questão da quantidade e da irregularidade dos caudais do rio Tejo e dos problemas que tal situação acarreta, e vou solicitar nova reunião junto do Ministério do Ambiente para debater este problema", afirmou Manuel Jorge Valamatos.

Por seu lado, o presidente da Câmara Municipal de Constância, Sérgio Oliveira, disse que "este é um problema que se arrasta há, pelo menos, dois anos".

O autarca referiu à Lusa que já manifestou a sua "preocupação por diversas vezes junto da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), no sentido de "se encontrar uma solução para os problemas da falta de água para a rega dos terrenos agrícolas, assim como outras preocupações como rombos nos leitos do rio".

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