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Odemira: CAP fala em prejuízos de 6 milhões e pede testagem dos trabalhadores agrícolas

05 mai, 2021 - 15:33 • Liliana Monteiro , Olímpia Mairos

Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) defende a testagem dos trabalhadores agrícolas do concelho de Odemira, para que possam regressar às explorações onde a cerca sanitária provoca o desperdício de 1.600 toneladas de alimentos por semana.

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A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) queixa-se de ter sido colocada de fora do grupo de trabalho que tinha como missão resolver o alojamento dos trabalhadores agrícolas de Odemira e fala num prejuízo de seis milhões de euros desde a instauração das cercas sanitárias por causa da pandemia de Covid-19.

Em conferência de imprensa, esta quarta-feira, o presidente da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, fez as contas e revela que seis milhões de euros foram perdidos numa semana, em Odemira, pelas explorações agrícolas.

"Cerca de 40% dos trabalhadores agrícolas não conseguem passar de um lado para o outro, para acudir às colheitas.”

A Confederação dos Agricultores de Portugal defende, por isso, a testagem dos trabalhadores agrícolas do concelho de Odemira, para que possam regressar às explorações, onde a cerca sanitária provoca o desperdício de 1.600 toneladas de alimentos por semana.

O Estado terá de compensar quem está a ter perdas fruto da cerca sanitária, defende Eduardo Oliveira e Sousa.

Nestas declarações aos jornalistas, o presidente da CAP lamentou que os agricultores tenham sido colocados de fora do grupo de trabalho mesmo depois de solicitarem entrada no grupo.

“Não sendo responsáveis pelos alojamentos, os empresários e agricultores têm vindo a apelar para que o Estado aja de forma reiterada. Em 2019 foi aprovada a resolução de Conselho de Ministros nº 179/2019, que prevê a instalação de alojamentos provisórios no interior das quintas, justamente para contrariar os fenómenos de sobrelotação de habitações que hoje estão a ser notícia”, recorda o dirigente.

O presidente da CAP afirma que “é preciso dizer que foi graças ao envolvimento dos empresários agrícolas que esta resolução foi aprovada, mas, a verdade é que nenhuma nova habitação temporária foi licenciada desde então”.

“Não se realizou mais nenhuma reunião do grupo de trabalho para este efeito. Foi até criado um grupo de projeto do MIRA, para atender a este problema, mas que excluiu na sua constituição as empresas agrícolas. Ou seja, mais trabalhadores chegaram ao território, as autoridades estavam a par desta realidade e o problema foi-se adensando”, denuncia.

CAP acusa ministra da Agricultura de “sacudir água do capote”

O presidente da CAP considera ainda que as declarações ontem proferidas pela ministra da Agricultura, “dizendo que as empresas que estão a cumprir, têm que denunciar práticas que estão a comprometer, seja do ponto de vista económico, ambiental ou social, são inadmissíveis”.

“Os agricultores não são entidade fiscalizadora. Não é sacudindo a água do capote para cima das empresas que a situação se resolve. É ao Estado quem compete fiscalizar e agir”, defende Eduardo Oliveira e Sousa.

“Não sabia o Estado quantos trabalhadores migrantes estavam a chegar ao território? Não sabia o Estado que o número de alojamento disponíveis não era suficiente para albergar todos os trabalhadores?” - questiona o presidente da CAP, concluindo que, “se há denúncia que merece ser feita é às dezenas de pares de olhos que se fecharam ao longo dos últimos anos a uma situação que era evidente e que os agricultores fizeram por contrariar”.

Já o vice-presidente da CAP, Gonçalo Santos Andrade, lembra que a questão da falta de alojamento para os trabalhadores tem sido por diversas vezes denunciada ao longos dos anos, recordando que a organização dos agricultores alertou para este problema no contributo que deu para o plano de resiliência.

“A componente dois da habitação é uma oportunidade de envolver as autarquias na criação de infraestruturas dignas para os trabalhadores rurais e integração dos mesmos na comunidade”, conta Gonçalo Santos Andrade, acrescentando que, “neste sentido, será de extrema importância a criação de um plano especial de urbanização para o concelho de Odemira, que responda à procura atual, integração de migrantes e procura de comunidades já instaladas”.

[notícia atualizada]

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