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Covid-19: Aviso por SMS para vacinação causa dificuldade aos mais idosos

27 mar, 2021 - 08:53 • Lusa

Há regiões que não tem rede para receber as mensagens e idosos que não tem facilidade no uso de telemóveis.

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Responsáveis políticos dos distritos da Guarda e de Viseu consideram que o plano de vacinação traçado para o país não é adequado à realidade dos idosos que vivem no interior.

O principal problema, alegam, está na forma como as pessoas estão a ser contactadas, uma vez que as mensagens de texto [SMS] nem sempre chegam a estas regiões, por problemas de rede, como também não são de fácil acesso para os idosos que, muitas vezes, não têm ou não sabem mexer nos telemóveis.

“O que acontece com o plano de vacinação acontece em muitas outras situações. Quando se faz uma lei ou quando é delineada uma estratégia, a estratégia é sempre delineada para o país como um todo. No entanto, há questões que no interior há mais dificuldade”, referiu à agência Lusa José Laires, vice-presidente da Câmara Municipal de Penalva do Castelo.

Sílvia Nabais, vereadora da Câmara Municipal do Sabugal, distrito da Guarda, contabiliza “mais de 90%” de casos em que a mensagem teve que ser substituída por uma chamada telefónica, sendo que houve ainda situações em que foi necessário recorrer aos presidentes das Juntas de Freguesia.

“Muitos deles [idosos] nem telefone fixo têm e, por isso, temos que recorrer aos presidentes de Junta para falar com eles. Quem tem ‘smartphone’, que são muito poucos, não percebem a mensagem e não percebem como têm que responder”, afirma.

Também em Penalva do Castelo, a dificuldade dos idosos com a tecnologia levou a que fosse “combinado que a questão das mensagens não ia funcionar. A população idosa, uma grande parte, não sabe ver ou abrir uma mensagem”, evidencia José Laires.

“Há aldeias deste concelho onde a rede é muito difícil e há sítios onde nem sequer há rede. Se não há rede, não se pode enviar a mensagem”, acrescenta.

Em Mangualde, outro concelho do distrito de Viseu, “foi criado um centro de vacinação”, no sentido de auxiliar o Centro de Saúde da cidade, explica o presidente da Câmara, Elísio Oliveira.

“As pessoas estão a seguir as recomendações e o plano de vacinação também está a ser cumprido, já foram vacinadas mais de 1.000 pessoas”, acrescenta.

Também no concelho do Sabugal, no distrito da Guarda, a Câmara Municipal, “em articulação com a Unidade Local de Saúde (ULS), teve como responsabilidade montar um centro de vacinação”, assinala Sílvia Nabais.

Além da construção deste centro de vacinação, a autarquia organiza, segundo a vereadora, “o transporte gratuito das pessoas que não tenham meios próprios e não se podem deslocar até ao centro de vacinação”.

A cooperação entre as entidades de saúde e o poder político ou forças de segurança tem sido uma constante desde que, em 2020, surgiram os primeiros casos da doença em Portugal.

“O nosso papel foi mais ativo no início da pandemia, um trabalho com o centro de saúde, a Câmara Municipal e outras entidades que tinham competências nessa área. Estivemos sempre disponíveis”, disse à Lusa Paulo Costa, presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria, em Manteigas.

No distrito da Guarda, o segundo do país com mais população idosa que vive isolada, a GNR foi essencial, pois, apesar de não estar na linha da frente a estabelecer contactos, possui uma base de dados completa, onde estão registadas todas as pessoas, permitindo que ninguém seja esquecido.

“Fomos nós que, cientes de que temos uma relação de proximidade com os nossos idosos, tomámos a iniciativa de promover reuniões mais ou menos formais com todos os pontos de contacto, a fim de disponibilizarmos os nossos recursos e cooperarmos no mapeamento e no contacto com pessoas eventualmente elegíveis para a vacinação”, diz Tiago Fernandes, relações públicas do Comando Territorial da GNR da Guarda.

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