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Portugal pode transferir doentes não-covid para a Alemanha

27 jan, 2021 - 20:01 • Lusa

Governos dos dois países estudam essa possibilidade para pacientes que necessitem de cuidados intensivos, a fim de libertar camas, avança fonte da Defesa. Ajuda não deverá passar pelos recursos humanos.

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Os governos português e alemão estão a avaliar a possibilidade de transferência para a Alemanha de alguns doentes não-covid que precisem de cuidados intensivos, a fim de libertar camas, disse à agência Lusa fonte da Defesa.

De acordo com a mesma fonte, o apoio que a Alemanha poderá vir a fornecer a Portugal no quadro da atual pandemia não deverá passar pelos recursos humanos, que é o aspeto essencial de que precisa o sistema de saúde português para fazer face à atual situação da pandemia.

A equipa de médicos militares que esteve ontem e hoje em Portugal para auscultar as eventuais necessidades do país que pudessem ser supridas pela cooperação alemã vinha sobretudo preparada para fornecer ajuda de meios e ou equipamentos.

Esse tipo de ajuda não está posto de parte, sendo que os domínios concretos de cooperação deverão a partir de agora ser coordenados entre os dois governos, tal como disse também à Lusa a embaixada da Alemanha em Portugal.

O pedido de ajuda internacional para o combate à Covid-19 em Portugal já está a ser articulado de forma informal por vários ministérios do Governo de António Costa. Em declarações à Renascença, o secretário de Estado adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, explica que o Governo está a preparar-se para vários cenários.

Depois de a ministra da Saúde, Marta Temido, ter anunciado numa entrevista na segunda-feira, à RTP, que estavam a ser equacionados mecanismos de auxílio internacional, a SIC noticiou que a Alemanha tinha sido um dos países que tinha respondido positivamente a esse pedido.


A combinação, aliás, estava a ser feita desde o passado fim de semana entre os dois governos. A equipa de médicos militares alemães visitou também o Hospital das Forças Armadas, adiantou a referida fonte.

No sistema alemão este tipo de cooperação internacional é conduzido pelo Ministério da Defesa, razão pela qual foram enviados para Portugal médicos militares.

Em Portugal, as Forças Armadas foram chamadas a colaborar em pleno com as autoridades da saúde. Neste sentido, o número de camas para doentes covid nas unidades de saúde militares foi elevado de 20 para 60 desde março até novembro de 2020 e, desde então até ao momento, para 212.

Portugal registou hoje 293 mortos relacionados com a covid-19, um novo máximo diário desde o início da pandemia, e 15.073 novos casos de infeção com o novo coronavirus, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).

O boletim epidemiológico revela também que estão internadas 6.603 pessoas, mais 131 em relação a terça-feira, o que representa um máximo diário de internamentos, das quais 783 em unidades de cuidados intensivos (mais 18 nas últimas 24 horas).


O Hospital Amadora-Sintra divulgou hoje que um pequeno grupo de médicos militares alemães esteve na instituição hospitalar para avaliar o possível auxílio às unidades hospitalares da área metropolitana de Lisboa em termos logísticos e de equipamento no combate à pandemia de covid-19.

Segundo fonte oficial do Hospital Amadora-Sintra, a visita teve contornos de "missão diplomática", consistindo numa reunião de pelo menos dois médicos militares alemães - que "vieram como representantes institucionais do governo e não na qualidade de médicos" -- com um médico daquela unidade e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT). Não estiveram presentes elementos do conselho de administração.

"Foi uma curta reunião para aferir rapidamente em que é que o Estado alemão poderia vir a auxiliar os hospitais da grande Lisboa em termos logísticos e de equipamento, nunca de recursos humanos. Não foi uma reunião de trabalho, foi quase de apresentação", adiantou a mesma fonte, acrescentando: "Foi uma abordagem genérica à cooperação que os dois estados possam vir a instituir nas próximas semanas para o combate à pandemia nesta região".

A visita àquela unidade foi avançada hoje pela SIC, que revelou que os enviados alemães ainda irão passar por outros hospitais.

O recurso de Portugal ao mecanismo de cooperação europeu para apoiar no combate à pandemia está a ser equacionado pelo governo português. Em resposta enviada a uma questão da Lusa, o Ministério da Saúde vincou que "todas as hipóteses estão a ser consideradas no sentido de continuar a assegurar os cuidados de saúde aos portugueses" e que "os mecanismos de cooperação europeia são obviamente uma possibilidade".

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, reconheceu hoje que "esse mecanismo ainda não foi formalizado completamente, mas está a ser equacionado, no sistema de cooperação europeu", após uma visita a uma estrutura de retaguarda de combate à covid-19, instalada no Hospital Militar de Coimbra.

"Enquanto formos tendo respostas e capacidade de responder às necessidades dos portugueses, vamos respondendo. Obviamente que equacionamos cenários e planeamos sempre a possibilidade de acionar mecanismos de cooperação europeu", disse o governante, admitindo que os recursos humanos na saúde "é sempre uma área difícil" para Portugal.

A Embaixada da Alemanha em Lisboa confirmou também hoje à Lusa que está em curso "um diálogo" entre os Governos alemão e português sobre "um possível apoio alemão" aos esforços de Portugal para ultrapassar a atual crise sanitária da covid-19. .

"A Embaixada da Alemanha em Lisboa confirma que existe um diálogo em curso entre os Governos alemão e português no que diz respeito a um possível apoio alemão aos esforços portugueses para ultrapassar a atual crise sanitária", indicou fonte oficial da representação diplomática alemã na capital portuguesa numa breve declaração por escrito, após ter sido questionada pela Lusa sobre uma eventual ajuda por parte da Alemanha a Portugal no atual contexto da crise pandémica.

A mesma nota acrescentou que "a decisão sobre as áreas concretas de cooperação será tomada em estreita coordenação entre os dois Governos".

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