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Retoma da Cultura é prioridade da presidência portuguesa da União Europeia

15 dez, 2020 - 16:58 • Maria João Costa

A 15 dias do arranque da presidência portuguesa do Conselho da UE, foi apresentada a programação cultural para os próximos seis meses. Nas prioridades da política cultural estão a retoma da atividade e as condições de trabalho do setor.

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É com o lema “Ação Positiva, flexível e capaz de construir pontes” que foi apresentada esta terça-feira a programação cultural que Portugal apresenta, dentro e fora de portas, durante os seis meses da Presidência Portuguesa da União Europeia (PPUE), que arranca a 1 de janeiro de 2021. No Centro Cultural de Belém (CCB), que servirá de sede à PPUE, foi dado a conhecer o que foi programado em termos de atividades que passam por música, teatro, dança, exposições e outros eventos.

A traçar os objetivos políticos, a ministra da Cultura estabeleceu como prioridade “a retoma dos setores culturais e criativas”. Em ano de pandemia, Graça Fonseca apontou também a “resiliência” como outra prioridade, bem como os “direitos sociais e condições trabalho” do setor cultural. Com o objetivo de “reconstruir o setor”, a titular da cultura apontou ainda outra prioridade política que passa pela “salvaguarda, dinamização e conservação do património cultural”.

Na apresentação na sala Almada Negreiros foi dado a conhecer alguns dos destaques do cartaz programado para os próximos meses. Desde logo, um concerto inaugural que será transmitido pela RTP e que juntará fado e orquestra. Com a direção da maestrina Joana Carneiro e direção musical de Elisabete Matos – diretora da OPART – este espetáculo “vai juntar fadistas com a Orquestra Sinfónica Portuguesa” disse a ministra da Cultura que explicou que “estão a ser feitos arranjos especiais para os fados escolhidos para este concerto inaugural” que vai também recordar Amália Rodrigues, cujo centenário se assinala em 2020

No campo das artes visuais, Graça Fonseca destacou a exposição “Tudo o que eu quero – artistas portuguesas 1900-2020” que vai juntar quarente artistas mulheres e que será apresentada de 26 de fevereiro a 23 de maio, no Bozar, em Bruxelas. As quinze salas desta exposição organizada em colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian, e que tem curadoria de Helena Freitas serão também disponibilizadas através da internet, acessíveis em qualquer parte do mundo.

A ministra da cultura explicou “a importância de trabalhar melhor a igualdade de género e a visibilidade das mulheres artistas em Portugal”, como uma “prioridade” que foi herdada da presidência alemã.

Será também apresentada em Bruxelas uma instalação com a curadoria de VHILS. “Commotion” vai juntar no edifício Justus vinte artistas e será nas palavras de Graça Fonseca “uma mostra importante de arte contemporânea urbana”. No mesmo campo, mas no edifício Europa em Bruxelas será apresentada uma segunda instalação do artista Bordalo II intitulada “Caravela portuguesa” que utiliza lixo e desperdício como matérias primas.

Ainda fora das fronteiras, a presidência portuguesa vai apresentar no Parlamento Europeu uma exposição de arte contemporânea, comissariada por David Santos. “A liberdade e a Europa – Uma construção de todos” vai juntar obras da coleção contemporânea do Estado e da coleção do Parlamento Europeu.

A capital belga vai ainda acolher um espetáculo de teatro, com a peça “By Heart” de Tiago Rodrigues e dois ciclos de cinema organizados pela Cinemateca Portuguesa, um deles dedicado ao mar e outro, pensado em conjunto com a cinemateca belga, dedicado “a cineastas mais novos, com forte presença de mulheres realizadoras”, acrescentou Graça Fonseca.

Na apresentação, no CCB marcou também presença a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias que começou por lembrar que faltam quinze dias para o arranque da presidência portuguesa. “É a quarta presidência portuguesa, temos experiência acumulada” referiu a governante que sublinhou, no entanto, o contexto “diferente” marcado pela pandemia.

Com o tema “Tempo de Agir: por uma recuperação justa, verde e digital”, a presidência de meio ano irá, segundo Ana Paula Zacarias apostar também numa “agenda externa que promova a Europa global”

A programação cultural terá por isso também um âmbito mais alargado que foi revelado pelo presidente do Instituto Camões. O embaixador João Ribeiro de Almeida explicou que o instituto responsável pela promoção da cultura externa portuguesa irá recorrer-se da sua “rede de embaixadas, centros culturais e cátedras” para a realização de eventos.

Pelo mundo, haverá 75 ações em 44 países, explicou o diplomata que referiu que serão eventos culturais de todos os âmbitos, nomeadamente nas áreas das artes, cinema, literatura, musica, património, teatro e transversais.

Também na Europa estão programadas 34 ações em 23 países. Entre os destaques apresentados pelo responsável do Instituto Camões, está a exposição “Europa, Oxalá” que será apresentada em França, em Marselha, em Lisboa na Gulbenkian, e na Bélgica no Africa Museus de Bruxelas. “É uma exposição sobre a Europa jovem que está a acontecer e quer construir futuro diverso e livre”, explicou o responsável.

Ainda no campo das exposições será apresenta uma mostra intitulada “Death to death” sobre a abolição da pena de morte. Na música destaque para um concerto, em janeiro que o maestro Rui Massena dirigirá em Roma, Itália e um concerto da dupla Lina e Raul Refree que terá lugar em maio em Barcelona, Espanha.

No Luxemburgo, será apresentada uma exposição intitulada “Mundos da Lusofonia - Duo Borderlovers” e haverá ainda um podcast literário sobre a escrita em língua portuguesa.

Na apresentação que terminou com a intervenção da ministra da cultura foram evocadas as palavras do antigo presidente da República, Mário Soares proferidas no Mosteiro dos Jerónimos durante a cerimónia de adesão à então, Comunidade Económica Europeia e que diziam: “Quisemos sublinhar que a fidelidade às nossas raízes e tradições constitui condição essencial para a construção do futuro”.

Com estas palavras, Graça Fonseca concluiu lembrando que pela frente estará “um semestre difícil”, mas sem nunca esquecer o legado da História, “de quem somos” e “fieis às raízes”.

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