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Grande Porto

Surto de "legionella" no Grande Porto não teve origem na torre de refrigeração da Ramirez

19 nov, 2020 - 18:57 • Redação com Lusa

Empresa anuncia em conferência de imprensa que resultados das análises à torre de arrefecimento da sua fábrica em Matosinhos deram negativo à presença da bactéria.

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Umas das duas empresas apontadas como eventuais responsáveis pelo surto de legionella que vitimou nove pessoas, a Ramirez, anunciou esta quinta-feira em Matosinhos que o teste realizado à torre de arrefecimento da empresa deu negativo.

Na terça-feira, como medida cautelar, a Autoridade de Saúde da ULS de Matosinhos procedeu à suspensão do funcionamento das torres de refrigeração de duas empresas no concelho de Matosinhos, a Ramirez e a LongaVida.

Em conferência de imprensa, a diretora de controlo de qualidade da Ramirez, Fátima Barata, anunciou o resultado da análise na sequência da visita do delegado de saúde.

"Esta tarde a Administração Regional de Saúde Norte [ARS-N] contactou-nos para comunicar e confirmar o que já sabíamos: as análises realizadas à nossa torre de arrefecimento deram resultado negativo" à presença da bactéria que causa a Doença dos Legionários, comunicou a responsável.

Nas últimas semanas, foram também excluídas como potenciais fontes do surto de "legionella" as águas públicas de Matosinhos e Vila do Conde, dois dos três concelhos do distrito do Porto, a par da Póvoa de Varzim, onde se concentra a maioria dos casos diagnosticados da Doença dos Legionários.

Na semana passada, o Ministério Público anunciou a abertura de um inquérito para investigar as causas do surto.

A doença do legionário, provocada pela bactéria 'Legionella pneumophila', contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares.

A empresa de produtos lácteos Longa Vida, em Matosinhos, confirmou, na quarta-feira, que foi uma das empresas a ter desligado as suas torres de refrigeração "a título preventivo".

Ramirez iliba-se de responsabilidades

Enfatizando que a empresa "cumpre escrupulosamente" as suas obrigações, com duplo controlo, a responsável deu também conta de "duas análises, em dois laboratórios, acreditados e independentes, a MicroChen e a Biogerm (…) ambos com resultados negativos, atestando a ausência de legionela pneumophila na instalação" da Ramirez, feitas "após a visita do delegado de saúde de Matosinhos" e "sem prévia intervenção na torre de arrefecimento".

Neste contexto, continuou Fátima Barata, os resultados obtidos "ilibam a Ramirez de qualquer relação ao surto de legionela" que afeta os concelhos de Matosinhos, Vila do Conde e Póvoa de Varzim.

"Nunca foi detetada legionela em nenhuma das nossas torres", insistiu a diretora da Ramirez, especificando que, em termos técnicos, a pesquisa da bactéria "obriga a um crescimento de 10 dias para se ter a certeza da sua existência".

E prosseguiu: "existe outro teste, que pode ser indicativo, de conteúdo genético, para verificar se existem partículas mortas ou vivas. De facto, no dia 09 [de novembro], quando cá esteve o delegado de saúde, fez-se um teste e esse indicador deu positivo, daí ter sido suspensa a torre".

A conserveira Ramirez, assegurou Fátima Barata, faz "controlo duplo, porque tem um plano de controlo da ‘legionella’ e de outro tipo de água que acontece de dois em dois meses, e a última análise foi em agosto".

"Uma empresa, mais técnica, que colabora connosco faz análises de três em três meses, e a última foi a 06 de outubro. E estava tudo bem", acrescentou a responsável.

Menos internados, 85 casos e nove mortos

O número de pessoas internadas devido ao surto de ‘legionella’ na região do Grande Porto diminuiu para 17, com a recuperação de três doentes que hoje tiveram alta, confirmou fonte da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte).

Desses três doentes recuperados, dois verificaram-se no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, onde continuam internadas 10 pessoas, tendo a outra alta sido registada no Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde, que ainda presta assistência quatro pacientes.

No Hospital S. João, no Porto, mantêm-se três pessoas internadas.

O número de casos de ‘legionella’ diagnosticados desde o início de surto, a 29 outubro, não sofreu hoje alterações, mantendo-se nos 85, registando-se as mesmas nove mortes devido a complicações associadas à doença.

[atualizado às 19h30]

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