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Football Leaks. Judiciária admite que é possível alargar colaboração com Rui Pinto

01 out, 2020 - 12:36 • Liliana Monteiro

Inspetor da Judiciária reconhece que, sem a colaboração do pirata informático, a abertura dos discos rígidos seria uma tarefa demorada e complicada.

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A Polícia Judiciária admite que é possível alargar a colaboração de Rui Pinto na investigação do caso Football Leaks.

Ouvido em tribunal, o inspetor José Amador foi questionado sobre a colaboração do alegado pirata informático na abertura dos discos rígidos e se essa colaboração podia ir mais além, respondendo afirmativamente e sublinhando que há "condições para ir além disso".

Amador reconheceu que, sem a colaboração do alegado pirata informático, a abertura dos discos seria uma tarefa "demorada e complicada".

O inspetor da Judiciária explicou ainda que Rui Pinto nunca recebeu a garantia de que não seria incriminado se a abertura dos discos revelasse ilícitos por parte do alegado pirata informático.

Os rendimentos do criador da plataforma eletrónica mereceram também a análise do tribunal nesta oitava sessão, com o inspetor da PJ responsável pela investigação a revelar que "não foram recolhidos elementos que permitissem indícios de atividade ilícita nos proventos económicos" de Rui Pinto.

O inspector da Polícia Judiciária admitiu que a investigação não conseguiu identificar fontes de rendimento do arguido. Numa "pen" apreendida conseguiu apenas aceder a ganhos com venda de livros antigos, tendo afirmado que "se aquele era a fonte de rendimentos do arguido, devia viver muito mal" e sublinhado que se tratava de valores monetários muito singelos.

José Amador explicou ainda que o bairro em Budapeste onde o alegado pirata vivia "não era o mais fino".

Nesta sessão de julgamento, a defesa de Rui Pinto quis saber se, no decurso da investigação, tinham sido encontrados indícios fortes de extorsão. A testemunha respondeu que receberam vários contactos e testemunhos nesse sentido, mas que não foram apurados factos que sustentassem um inquérito.

O inspetor da PJ disse ainda que a investigação concluiu que houve uma evolução técnica nos ataques feitos entre 2015 e 2018, salientando que foram introduzidas técnicas de maior ocultação dos atos ilegais detectados.

O julgamento do processo Football Leaks prossegue esta quinta-feira no Campus da Justiça, em Lisboa.

Rui Pinto, de 31 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, por 14 de violação de correspondência e por seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol e a Procuradoria-Geral da República, e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto, então representante de Rui Pinto.

O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 7 de agosto, “devido à sua colaboração” com a Polícia Judiciária (PJ) e o seu “sentido crítico”, mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.

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