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Notícia Renascença

“Máquina não estava em nenhuma reparação.” Sindicato questiona o que fazia na linha do Alfa

01 ago, 2020 - 11:04 • Sandra Afonso com redação

Já arrancaram os trabalhos de remoção das composições envolvidas no acidente na linha ferroviária do Norte. Três feridos permanecem internados em Coimbra, 41 tiveram alta.

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Passageiro descreve momento em que Alfa descarrilou. “Tudo rebentava por todos os lados”
Passageiro descreve momento em que Alfa descarrilou. “Tudo rebentava por todos os lados”

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A máquina de trabalho que chocou com Alfa Pendular estava só a circular. O Sindicato Nacional dos Ferroviários do Movimento e Afins (SIinafe), questiona o que fazia na linha.

À Renascença, o secretário-geral do Sinafe lembra que quando há reparações a linha é cortada. No caso de sexta-feira, não terá sido porque a máquina estava apenas a circular. “Os comboios não circulam no sítio onde há reparações. Segundo sei, a máquina não estava em nenhuma reparação e estava em circulação normal.”

Questionado porque estava na linha responde. “Boa pergunta, eu também gostava de saber porque estava na linha. Ela estava em circulação, agora, porque que é que naquele momento estava naquele sítio? O motivo é pura especulação enquanto o inquérito não tiver conclusões.”

Jorge Coelho não conhece nenhuma tecnologia que melhore de forma significativa a operacionalidade atual e venha revolucionar a sinalização. “Trabalho com esse tipo de equipamento e não vejo nada de especial que possa vir a trazer uma mais-valia ao que existe na linha do Norte.”

Nestas declarações garante que “é uma linha segura”, talvez mesmo uma das mais seguras da Europa. “Já foram dadas muitas entrevistas, mas é pura especulação. Temos que aguardar serenamente pelos resultados dos inquéritos, para perceber exatamente o que é que aconteceu ali, se há alguma coisa a melhorar, se algo coisa correu mal.”

Mas não há nada que pare um comboio? “Em Portugal todos os comboios são conduzidos por condutores humanos, portanto, não havendo nada que impeça um comboio de avançar em determinado troço, pois o sistema apenas impede de atingir determinados limites de velocidade”.

O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) vai investigar as causas do acidente.

Três feridos permanecem internados

Quarenta e um dos 44 feridos do descarrilamento de um comboio Alfa Pendular, no concelho de Soure, distrito de Coimbra, já tiveram alta e os outros três permanecem internados.

Em declarações à Agência Lusa, o gabinete de relações públicas do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), refere que dos 28 feridos que deram ali entrada, 25 já tiveram alta clínica e os restantes três permanecem internados.

"Um doente está internado na medicina intensiva (o caso que inspira mais cuidados) e dois estão na unidade de cuidados cirúrgicos intermédios", disse a mesma fonte.

Quanto aos 12 feridos que foram transportados para o Hospital Distrital da Figueira da Foz já tiveram todos alta hospitalar, segundo informações do gabinete de relações públicas daquela unidade.

Iniciada remoção das composições

Já estão a decorrer os trabalhos de remoção das composições envolvidas no acidente na linha ferroviária do Norte e de reabilitação da via e da catenária.

Uma nota Infraestruturas de Portugal refere que foi já "possível iniciar a remoção das composições" acidentadas e "em simultâneo decorrem também os trabalhos para reabilitação da via e da catenária".

Contudo, "devido à complexidade dos trabalhos", ainda não é "possível prever quando será restabelecida a circulação na Linha do Norte".

O descarrilamento de um comboio Alfa Pendular, no concelho de Soure, distrito de Coimbra, com 212 passageiros, provocou na sexta-feira dois mortos e 44 feridos, oito dos quais graves, segundo a última atualização do Comando Distrital de Operações (CDOS) de Coimbra.

O comboio seguia no sentido sul - norte com destino a Braga e o descarrilamento ocorreu após o embate entre o Alfa Pendular e uma máquina de trabalho, perto da vila de Soure, junto à localidade de Matas.

As duas vítimas mortais eram os únicos ocupantes da máquina da Infraestruturas de Portugal, de acordo com o comandante distrital de operações de Coimbra, Carlos Luís Tavares.

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