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Equipas médicas podem começar a recusar cirurgias

29 jul, 2020 - 14:09 • Liliana Monteiro

O alerta chega do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos no dia em que a Renascença avança que existe uma dívida de mais de 56 milhões de euros do Estado aos hospitais privados.

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"É uma dívida impensável". É assim que o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos avalia a notícia avançada pela Renascença, que dá conta de que o Estado deve pelo menos 56 milhões de euros aos hospitais privados.

"Em muitas das instituições privadas, o pagamento aos médicos e à equipa cirúrgica é feito só depois de as instituições receberem do Estado”, afirma Alexandre Lourenço. “Às vezes isso, leva um atraso de seis, sete e oito meses e faz com que muitas vezes as equipas manifestem indisponibilidade para participarem em cirurgias SIGIC", acrescenta.

As contas à dívida são da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP), com base num inquérito aos associados e revelam uma dívida que consideram "recorde".

Alexandre Lourenço lembra que há um novo programa de cheque-cirurgia em curso para resolver atrasos provocados pela pandemia e manifesta dúvidas sobre o sucesso da medida.

"Existe um novo programa para recuperar as cirurgias que não foram feitas nos últimos quatro meses, que são dezenas de milhares em atraso. Temos de repensar se podemos entrar num sistema destes quando as cirurgias normais não estão a ser pagas", afirma.

Tal como a Renascença avançou, uma boa fatia da dívida aos hospitais privados acontece no Sul do país. O responsável pela Delegação Sul da Ordem dos Médicos diz que este é um cenário "impensável" e lamenta que numa fase de "grande necessidade haja um entrave financeiro desse montante".

"Numa altura em que é preciso recorrer à capacidade instalada pública e privada para recuperar cirurgias esta dívida pode perturbar muito a recuperação", admite.

Alexandre Lourenço explica que durante a pandemia só foram feitas cirurgias de emergência, entre elas as oncológicas. Todas as outras cirurgias, da ortopedia à ginecologia, da cirurgia geral à oftalmologia e cirurgia vascular, ficaram para trás.

"É preciso recuperar muitas destas patologias que não foram tratadas durante estes meses", sublinha.

Ao que a Renascença apurou, a dívida aos privados não está ainda toda faturada pelo que a realidade deverá revelar uma divida ainda maior.

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