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"No Name Boys" detidos tinham manuscritos com dados sobre dirigentes e planeavam agressões

25 jun, 2020 - 12:01 • Redação

São sete os detidos no âmbito da "Operação Sem Rosto". Crimes vão desde homicídio na forma tentada, roubo, ofensa qualificada contra agentes de autoridade e outras pessoas com dimensões de perversidade, situações de dano e de furto.

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Os seis membros do grupo organizado de adeptos No Name Boys detidos esta quinta-feira tinham manuscritos com informações de dirigentes e comentadores de clubes, assim como de jornalistas, e orquestravam agressões violentas, de acordo com a Policia de Segurança Pública (PSP).

A PSP realizou, durante a manhã, uma operação na Área Metropolitana de Lisboa no cumprimento de mandados de busca domiciliária e de detenção por vários crimes relacionados com a claque No Name Boys. Em conferência de imprensa, o comissário da PSP Bruno Pereira revelou que estão a ser contabilizadas "mais de duas dezenas" de vítimas de agressões, muitas das quais não terão sido espontâneas.

"Não era de modo algum aleatório. Admitindo que pudesse haver cenários aleatórios, que seriam uma reação por exemplo pós-jogo, havia ações claramente planeadas, previamente orquestradas e é indicativo disso mesmo o facto de terem sido encontrados, entre muitas outras coisas, manuscritos com elementos de identificação e informações relacionadas com jornalistas, pessoas com cargos de direção em clubes, comentadores de televisão. Claramente é bem demonstrativo dos impulsos que moviam estas ações e de um grau de planeamento prévio que foge à mera oportunidade ou mera reação a um estímulo", revelou.

O comissário Bruno Pereira explicou que a investigação "surgiu ao abrigo do combate e prevenção à violência no desporto e vem complementar ações levadas a cabo por suspeitos que integram" o grupo organizado de adeptos No Name Boys e que, "num passado recente, praticaram factos violentos, numa escalada declarada".

Em causa estão "situações cometidas no estádio, quer por força de agressões entre adeptos ou contra agentes da autoridade, crimes de danos contra adeptos de outros clubes, incluindo de países que não são de Portugal", assim como "ações planeadas pelos suspeitos com situações de conhecimentos prévios junto de moradas, viaturas e rotinas que lhes permitiam orquestrar, com maior probabilidade de sucesso, agressões violentas a adeptos rivais com violência ao ponto de os deixar inanimados e em risco de vida".

"Nas buscas às residências dos arguidos e a espaços que frequentavam foram encontrados objetos de natureza proibida: armas de fogo, facas, soqueiras, potes de fumo artesanais, balaclavas, artefactos à ligação clubística e 'sprays' utilizados para frases de intimidação e provocação", esclareceu o comissário Bruno Pereira.

PSP confirma número de detidos: são sete


Foram detidos sete suspeitos no âmbito da denominada “Operação Sem Rosto”, apurou a Renascença junto de fonte policial. Número confirmado na conferência de imprensa:

"São seis detidos com idades entre os 22 e os 33, outro detido em flagrante delito com uma arma de fogo. Os crimes vão desde homicídio de forma tentada, crimes de roubo, ofensa qualificada contra agentes de autoridade e outras pessoas com dimensões de perversidade, situações de dano e de furto."

O comissário Bruno Pereira admitiu, ainda, que "é possível que possa haver mais detidos", à medida que a investigação avança.

Horas antes, em comunicado, a PSP explicara que decorriam várias diligências processuais e investigatórias, nomeadamente, buscas domiciliárias e não domiciliárias, bem como o cumprimento de vários mandados de detenção fora de flagrante delito, emitidos por autoridade judiciária.

“Ao longo de aproximadamente um ano, foram investigados vários crimes, entre eles, roubos, ofensas à integridade física qualificadas, danos e homicídio na forma tentada, praticados por um grupo de indivíduos pertencentes à claque No Name Boys", referira a PSP.

Episódios de violência ligados à claque do Benfica


Têm sido vários os episódios de violência nas últimas semanas em torno do futebol português. O autocarro do Benfica foi apedrejado no início do mês depois do empate em casa contra o Tondela, ferindo sem gravidade os jogadores Weigl e Zivkovic. Até ao momento, ninguém foi detido em relação com este caso.

Em maio, um confronto entre alegados adeptos de Benfica e Sporting, na freguesia do Lumiar, em Lisboa, provocou três feridos ligados a uma claque leonina. Na altura, o Sporting repudiou, "mais uma vez, os episódios de violência que continuam a marcar a vida do desporto em Portugal".

Poucos dias depois, um homem alegadamente pertencente à Juventude Leonina foi agredido em São João do Estoril, concelho de Cascais, distrito de Lisboa.

Na altura, em comunicado, a PSP dizia que o homem, de 32 anos, que se encontrava sozinho, estava a ser agredido quando um agente da PSP, em patrulhamento de prevenção criminal no local, se apercebeu da situação e interveio.

“Os suspeitos cessaram as agressões e se colocaram em fuga em várias direções, não tendo sido possível intercetar nenhum deles”, segundo a PSP.

Apesar da intervenção do agente policial, a vítima sofreu várias lesões e foi transportado para o hospital.

A polícia adiantava que “apesar dos suspeitos estarem de rosto tapado, a vítima reconhece-os em virtude de existir uma rivalidade antiga entre eles”.

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