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Entrevista

Covid-19. Grécia vai permitir entrada de portugueses a 1 de julho

22 jun, 2020 - 09:04 • Marta Grosso , Miguel Coelho (entrevista)

Ministro dos Negócios Estrangeiros critica, na Renascença, os critérios utilizados por certos países para impedir viagens de portugueses e diz que, “se aplicarmos o mesmo critério a países externos à UE, o primeiro país a entrar é a Coreia do Norte”.

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A Grécia vai permitir que cidadãos portugueses possam viajar diretamente para o país a partir de dia 1 de julho. A notícia foi dada na Renascença pelo ministro Augusto Santos Silva.

Convidado do programa As Três da Manhã, o chefe da diplomacia portuguesa desvalorizava as proibições impostas aos viajantes portugueses e afirmava que, no caso da Grécia, faz parte do plano de desconfinamento das autoridades locais.

“Aliás, os portugueses não estão impedidos de entrar. Eu não posso viajar de Lisboa para Atenas, num voo direto, mas posso fazendo escala em Frankfurt. Portanto, estas medidas não fazem grande sentido e as autoridades gregas já nos disseram que os cidadãos portugueses podiam viajar para o país a partir de 1 de julho”, anunciou.

Até agora, não houve casos de portugueses impedidos de entrar em qualquer dos países que colocaram Portugal na “lista negra”, devido ao número de casos de Covid-19.

Crítico do principal critério utilizado, Augusto Santos Silva acredita que o bom senso acabará por imperar.

“Parece-nos uma medida errada, porque o indicador utilizado – número de novos casos por mil habitantes – não tem nenhum significado se não for associado ao número de testes”, defende.

“Quem realiza mil testes está melhor, porque tem mais casos, mas identifica mais pessoas e começa a tratar”, acrescenta, sublinhando que a crítica nem é sua: “o Centro Europeu de Controlo de Doenças diz também isso. Não pode ser o único indicador”.

E reforça: “é preciso bom senso para avaliar a situação epidemiológica. Tem de ser avaliada também pelo número de hospitalizados, o número de internados em cuidados intensivos, de óbitos, de recuperados – é esse conjunto que nos permite perceber a situação da epidemia em cada um dos países”.

Se assim não fosse, quando a União Europeia decidisse abrir as fronteiras externas, o primeiro país a poder entrar com total liberdade seria a Coreia do Norte, “porque não está a registar nenhum caso”, destaca ainda Santos Silva.

Por isso, “Portugal está a transmitir toda a informação, através da rede diplomática”, aos países que colocaram os viajantes portugueses na “lista negra”.

“Estou convencido de que o bom senso vai imperar”, acrescenta.

Abertura com "prudência e gradualismo"

É a 1 de julho que Portugal reabre as fronteiras com Espanha – uma medida “acertada com os ministros da Administração Interna” dos dois países, que “têm sido exemplares” na sua coordenação, defende o chefe da diplomacia portuguesa.

“Nos termos desse acordo, as fronteiras estão fechadas até ao próximo dia 1 de julho. Até lá, podem passar os trabalhadores transfronteiriços, mercadorias, certos grupos e profissionais e agora também aqueles que se deslocam para se reunir com a sua família”, explica na Renascença.

A abertura não se faz antes, porque Portugal tem “procedido ao desconfinamento com muita prudência e gradualismo. E foi isso que combinámos com Espanha – abrir a pouco e pouco com passos seguros”, sublinha o ministro.

“Como sabe, estamos agora a combater formas de desconfinamento agressivas, como os ajuntamentos em festas que violam as regras”, recorda Augusto Santos Silva.

A esse propósito, o Governo já reafirmou que tomará as medidas necessárias para contrariar a onda de festas e ajuntamentos que se verifica um pouco por todo o país. O primeiro-ministro reúne-se nesta segunda-feira com os autarcas da região de Lisboa e Vale do Tejo, onde o número de novos casos continua a subir.

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