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Covid-19

​Cerca sanitária no Algarve? “Já tínhamos fechado Lisboa e o resto do país”

18 jun, 2020 - 18:01 • Henrique Cunha

Municípios algarvios lamentam "declarações completamente incendiárias" do presidente da Ordem dos Médicos do Sul, que sugeriu "fechar" a região se houver um surto de Covid-19 com uma centena de casos.

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A Associação de Municípios do Algarve (AMAL) classifica de "incendiárias" as declarações do presidente da Ordem dos Médicos do Sul, que disse ser necessário fechar a região caso surja um surto de 100 casos da Covid-19 em Faro ou Portimão.

Ouvido pela Renascença, o presidente da AMAL, António Miguel Pina, diz que o raciocínio do responsável da Ordem dos Médicos do Sul, Alexandre Valentim Lourenço, levaria a que já se tivesse fechado Lisboa.

“[São declarações] completamente incendiárias. Por essa ordem de ideias já tínhamos fechado Lisboa, já tínhamos fechado o resto do país. Não faz sentido nenhum”, afirma António Miguel Pina.

“O senhor representante da Ordem, no fim das suas declarações percebe-se que o que ele quer e o que pede é mais médicos. O que nós não precisamos é que utilizem a Covid-19 e assustem as pessoas. Estas forças que são um misto de sindicatos e corporações, utilizam a política do medo para os seus combates e os seus direitos, eventualmente”, critica o também presidente da Câmara de Olhão.

Nestas declarações à Renascença, António Miguel Pina lamenta o que apelida de “declarações no mínimo bombásticas, que perturbam uma região que trabalhou muito para ter números muito baixos, que necessita de restabelecer a sua economia”.

O presidente da AMAL aplaude o facto de já haver posições “de responsáveis da saúde do Algarve a dizer que não fazem sentido essas declarações”.

“Os portugueses já começaram a habituar-se a não poder levar muito a sério as declarações da Ordem dos Médicos que são altamente corporativas”, atira.

Foco no Algarve tem uma "dimensão bastante relativa”

Esta quinta-feira, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) revelou que a existência de 35 novos casos no Algarve.

Miguel Pina não nega a existência de um foco de contágio em Lagos, na sequência de uma festa ilegal, embora o relativize.

“É verdade que em Lagos há um foco, mas a dimensão desse foco, comparado com a dimensão de outros no país e principalmente por essa Europa fora, é preciso também ponderá-lo. O que é preciso é que não sejamos nós, os portugueses, os primeiros a denegrir a nossa imagem. É verdade que há um foco, mas este foco comparado com aquilo que se passa na Europa e no mundo tem uma dimensão bastante relativa”, argumenta.

Miguel Pina que é também presidente da Câmara de Olhão, diz que a situação o deixa “preocupado, mas tranquilo”.

“Acredito muito nas foças regionais e quero dar um abraço de parabéns ao meu colega de Lagos e agora também ao de Portimão que tem também agora algumas incidências. E ainda aos profissionais da saúde pública que têm feito um trabalho extraordinário, pois têm mostrado que são capazes de identificar e quebrar estes focos”, conclui o presidente da Associação de Municípios do Algarve.

Declarações "alarmistas e catastrofistas"

O presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, Paulo Morgado, diz ter dificuldade em compreender as declarações "alarmistas e catastrofistas" do presidente da Ordem dos Médicos do Sul.

Paulo Morgado diz que “a região tem capacidade instalada que permite o internamento simultâneo de 250 doentes” e nunca esteve “nem perto desta situação”.

"Se calhar o responsável da Ordem dos Médicos não conhece bem a realidade do Algarve", sublinha o presidente da ARS.

Num comentário a esta polémica, o bastonário da Ordem dos Médicos defendeu esta quinta-feira a necessidade de intensificar uma campanha de sensibilização para as regras de segurança face à covid-19 no Algarve, apontando que uma eventual cerca sanitária é decisão da tutela, mas ouvindo os autarcas.

"A questão da cerca sanitária é uma decisão que tem de ser tomada pela diretora-geral da Saúde com o Ministério da Saúde e ouvindo os autarcas", disse o bastonário da Ordem dos Médicos que falava aos jornalistas, no Porto, após uma visita ao Hospital de São João.

Portugal regista, nas últimas 24 horas, mais uma morte associada à Covid-19 e 417 novos casos confirmados da doença, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgado nesta quinta-feira.

(notícia atualizada às 18h28)

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