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Covid-19

Vacinação cai para metade em abril. Risco de surto de sarampo em Portugal pode aumentar, alerta especialista

05 mai, 2020 - 14:20 • Joana Gonçalves

Em abril foram administradas cerca de 250 mil vacinas, quase metade do número registado no mesmo mês de 2019. "É absolutamente necessário que rapidamente sejamos capazes de repor o plano de vacinação", adianta o presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

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O número de vacinas administradas em Portugal registou uma quebra de quase 50% em abril, em comparação com o mesmo mês de 2019, uma descida que acontece em plena pandemia de Covid-19.

De acordo com os dados do portal da transparência do SNS, em abril de 2019 tinham sido administradas 473.057 vacinas, quase o dobro das 247.810 administradas em abril deste ano.

Em relação ao ano anterior é possível verificar, também, uma queda de 62% na administração da vacina contra o sarampo, que se fixou nas 20,780 em abril de 2019 e atingiu um valor significativamente mais baixo de 7,785 vacinas em abril deste ano. Se considerarmos a variação face ao mês de março de 2020 - 13,747 vacinas - o decréscimo aproxima-se dos 43%.

“É um sinal de preocupação e é necessário que se recupere rapidamente esse tempo", adianta Henrique Barros, presidente do Conselho Nacional de Saúde, em entrevista à Renascença.

"É absolutamente necessário que rapidamente sejamos capazes de repor o plano de vacinação, porque se não, agora com o desconfinamento, criam-se as condições para, sobre esta epidemia da covid-19, podermos ter surtos de outras doenças infeciosas evitáveis pela vacinação", explica o especialista.

Portugal registou, até fevereiro, sete casos de sarampo, quase tantos como em 2019, ano em que foram diagnosticados dez casos, segundo os mais recentes relatórios do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla inglesa).

O último relatório do Programa Nacional de Vacinação revela que uma em cada 10 crianças com 13 meses de idade em Portugal não tinha, no final do ano passado, qualquer vacina contra o sarampo ou contra a doença invasiva meningocócica do grupo C, que deve ser administrada aos 12 meses.

“A situação epidemiológica do sarampo a nível mundial não permite adiar”, alertou a DGS numa nota publicada no mês passado, onde recomendava a vacinação “o mais breve possível” às crianças que têm estas vacinas em atraso.

Apesar da preocupação, Henrique Barros deixa uma nota de otimismo. “A probabilidade da infeção acontecer também está diminuída, porque as pessoas estavam fechadas, portanto o atraso na vacinação pode não ser tão dramático como se as vacinações não ocorressem e as pessoas fizessem a sua vida habitual”, explica.

A Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo regista o maior número de vacinas administradas (109.408), seguida da ARS Norte (59.971), ARS Centro (47.411), ARS Algarve (16.399) e ARS Alentejo (14.621).

Num comunicado, emitido no dia em que Portugal inicia o plano de desconfinamento, a Ordem dos Médicos sublinha, também, a urgência do Governo avançar para a compra da vacina da gripe. A vacina da gripe não tem eficácia no SARS-COV-2, mas, caso ocorra uma segunda onda no inverno, “diminuir a incidência de gripe na população de risco facilita a identificação dos potenciais doentes Covid-19”, lê-se no documento.

“Muitos países estão já a comprar mais vacinas da gripe e arriscamo-nos a ter maiores dificuldades de acesso”, defende a Ordem.

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