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estado de emergência

Universitários dão nota negativa ao ensino à distância

23 abr, 2020 - 08:11 • Fátima Casanova

Inquérito que recolheu respostas de estudantes de mais de uma dezena de instituições de ensino superior de todo o país revela descontentamento com o ensino à distância. Referem que “as aulas não têm a mesma qualidade” e que “faltam recursos”.

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Os universitários consideram que a qualidade de ensino à distância, imposto pelo estado de emergência, não é a mesma e muitos ainda nem tiveram aulas. São as conclusões do inquérito promovido pela Associação Académica de Lisboa.

Na sondagem em que participaram alunos de mais de uma dezena de instituições de ensino superior de todo o país, quase um quarto dos inquiridos (21,5%) revela que ainda nem teve aulas.

Bernardo Rodrigues, presidente da Associação Académica de Lisboa, confirma à Renascença que “há instituições que ficaram um mês todo sem aulas, outras ainda estão num processo de adaptação”.

Neste inquérito, que recolheu respostas de alunos de instituições do Algarve, Évora, Setúbal, Lisboa, Santarém, Tomar, Leiria, Coimbra, Aveiro, Porto, Alto Douro, Minho e Açores, 54% dos universitários dizem que não foram informados sobre como iria decorrer o resto do semestre.

No que toca ao processo de aprendizagem, Bernardo Rodrigues aponta a falta de preparação e adaptação por parte de alguns docentes, que “não dão aulas online por falta de formação e conhecimento das plataformas” e também “a falta de acesso a recursos de estudo, seja a programas informáticos, livros, equipamentos, como computador ou até mesmo internet”, que estavam disponíveis na faculdade.

Quanto à avaliação, o líder estudantil diz que os alunos “estão preocupados com a não realização das aulas práticas e com o cancelamento de estágio de final de curso”.

Propinas devem ter redução

Outra das preocupações são as propinas, um assunto que já tinha levado a Associação Académica de Lisboa a pedir a sua suspensão em março.

Os estudantes defendem alterações, porque “a qualidade de ensino não é igual”, refere Bernardo Rodrigues.

Reivindicação que faz sentido para Manuel Cabaço, presidente da associação de estudantes do IADE, Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação, em Lisboa, que mantém o valor das propinas, que “pode variar entre os 400 e os 900 euros, sendo que o preço médio passa muito pelos 500/600 euros por mês”, disse à Renascença.

Manuel Cabaço defende uma redução no valor da propina, porque muitas das valências “não estão a funcionar, como é o caso das oficinas do IADE, onde decorrem aulas de serigrafia e cerâmica – é o caso dos laboratórios de fotografia, que inclui uma série de materiais como sejam, luzes, máquinas fotográficas, laboratórios de revelação de fotografia analógica”, só para dar alguns exemplos.

Como solução, os alunos pedem o adiamento do semestre para o próximo ano, fornecimento de computadores e internet, apoio psicológico reforçado e passagens administrativas com possibilidade de exames de melhoria no futuro.

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