04 abr, 2020 - 14:30 • Susana Madureira Martins
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O Ivermectine é um desparasitante produzido pela farmacêutica portuguesa Hovione e está a mostrar eficácia contra o novo coronavírus em testes realizados na Austrália. É com cautela que Marco Gil, diretor comercial da marca, recebe a notícia de mais um estudo, desta vez australiano, que investiga um medicamento que pode ser eficaz no combate à Covid-19.
O medicamento em causa é um velho conhecido da farmacêutica portuguesa. Trata-se do Ivermectin, um desparasitante usado desde os anos 80 do século passado para combater diversas doenças como a cegueira dos rios e grande parte da produção mundial é feita pela Hovione.
Em declarações à Renascença, Marco Gil recorda essa bagagem toda que o Ivermectin tem e que, de resto já valeu o prémio Nobel a dois investigadores pela aplicação em África salvando milhares de pessoas.
O diretor comercial da Hovione lembra que, "neste momento, têm de ser feitos estudos de fase três - já em pacientes - e terá de descobrir-se a dose terapêutica, para se apurar se, de facto, essa dose está dentro dos limites de toxicidade com que pode ser usado este produto", mas reconhece que o facto de se conhecer a molécula há décadas "acelera o processo".
Este responsável aponta para daqui a "cerca de seis a nove meses" o resultado de uma eventual eficácia do Ivermectine no combate ao novo coronavírus.
É nova esperança na luta contra a pandemia Covid-1(...)
"Depende das quantidades e da população a tratar e evidentemente haverá depois limitações e um tempo de adaptação para conseguir aumentar de forma exponencial a produção caso venha a ser necessário."
Marco Gil garante que a empresa dará "obviamente" prioridade ao fármaco no caso de ser eficaz e que fará "tudo o que é humanamente possível para aumentar a capacidade de produção deste produto".
O Ivermectin não tem patente, é um genérico, por isso, a produção em escala também não deverá ser cara. O facto de existir há muitos anos no mercado "facilita o preço", e mais, "será um produto muito mais barato do que uma molécula nova neste momento em estudo", conclui.
Trata-se também de um medicamento seguro, sem efeitos secundários, mas, mais uma vez, Marco Gil trava expectativas exageradas, explicando que, se por um lado o Ivermectin "não tem efeitos secundários relevantes, sendo de administração segura, muito estudado há muitos anos, e, desse ponto vista traz a segurança de ser um produto com toxicidade baixa", por outro lado "dependerá muito da dose terapêutica que será necessário administrar aos doentes de a administrar estes doentes da Covid 19".
O estudo está disponível na página online da Universidade Monash, na Austrália, e conclui que o Ivermectine tem eficácia com um único tratamento e resultados visíveis em 48 horas. Mas estamos a falar ainda experiências até aqui em culturas de células em laboratório (in vitro) e não testes em humanos (in vivo).
Portugal regista este sábado 266 mortes associadas à covid-19, mais 20 do que na sexta-feira, e 10.524 infetados (mais 638), segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 59 mil. Há ainda a registar mais de 229 pessoas de recuperaram.
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