Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

1936-2020

Morreu Malaca Casteleiro, o "pai" do Acordo Ortográfico

09 fev, 2020 - 16:30 • Lusa

O professor e linguista morreu na sexta-feira, aos 83 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, onde estava internado. Ainda não foi revelada informação sobre as cerimónias fúnebres.

A+ / A-

O linguista João Malaca Casteleiro, figura central na elaboração do novo Acordo Ortográfico, morreu na sexta-feira, aos 83 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, onde estava internado, disse hoje à agência Lusa uma colega e ex-aluna do professor catedrático.

Malaca Casteleiro, natural de Teixoso, Covilhã, licenciou-se em Filologia Românica, em 1961, tendo obtido o doutoramento pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1979, com uma dissertação sobre a sintaxe da língua portuguesa.

Professor catedrático naquela faculdade desde 1981 e membro da Academia das Ciências de Lisboa, Malaca Casteleiro foi o principal responsável na elaboração do novo Acordo Ortográfico de 1990, acordo esse que só entrou em vigor em Portugal mais de uma década depois (2009).

Foi também diretor de investigação do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, conselheiro científico do Instituto Nacional de Investigação Científica e presidiu ao Conselho Científico da Faculdade entre 1984 e 1987.

Foi ainda presidente do Instituto de Lexicologia e Lexicografia entre 1991 e 2008, tendo durante a sua longa carreira de professor orientado muitas de teses de doutoramento e de mestrado.

Em abril de 2001 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Não foram para já adiantados pormenores sobre as cerimónias fúnebres de Malaca Casteleiro.

Em declarações à agência Lusa, Margarita Correia, professora auxiliar da Faculdade de Letras de Lisboa e antiga aluna de Malaca Casteleiro, recordou o professor agora falecido como "uma pessoa muito generosa", que "ajudou muita gente" e figura "importante na difusão do português na China e em Macau".

Margarita Correia referiu que foi aluna de mestrado e doutoramento de Malaca Casteleiro e lembrou que o linguista e professor tinha duas frases prediletas que gostava de repetir aos alunos: "Dando liberdade e exigindo responsabilidade" e "quem nunca fez nada nunca é criticado".

Recordou também que, em outubro passado, Malaca Casteleiro foi alvo de uma homenagem dos seus pares da comunidade de países língua portuguesa, que decorreu na Universidade do Porto.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • José J Cruz Pinto
    12 fev, 2020 ILHAVO 08:17
    Acrescento que, com o DO, pouco falta para a Língua Portuguesa ser, não só uma, mas duas coisas: um patoá (de trapos linguísticos), onde nem a distinção entre presente e passado é absolutamente obrigatória, e também um patuá (ou cesto) de trapos desconexos, rotos, inúteis e feios, recolhidos da lixeira da preguiça, incúria, e ignorância.
  • José Joaquim Cruz Pinto
    09 fev, 2020 Ílhavo 17:55
    Paz à sua alma (evidentemente). Mas seria bem melhor que pudesse ser feito o funeral do DO (Desacordo Ortográfico), que quer (e pouco falta para conseguir) transformar a Língua Portuguesa num "patuá de trapos".

Destaques V+