30 jan, 2020 - 19:00 • Lusa
O supercomputador Oblivion, com desempenho equivalente à combinação de mais de mil computadores, vai funcionar em Évora, associado ao projeto do maior radiotelescópio do mundo e disponível também para a comunidade científica e empresas, foi hoje revelado.
“É uma máquina potente, com nós de computação, de gestão e de armazenamento. E podemos dizer que tem uma ‘performance’ equivalente a 1.200 PC’s (computadores pessoais) a funcionarem em conjunto”, destacou hoje à agência Lusa Miguel Avillez, coordenador do Oblivion.
A máquina, instalada no Data Center da DECSIS, no Parque Industrial e Tecnológico da cidade, vai ser inaugurada pela Universidade de Évora (UÉ) no dia 4 de fevereiro, às 11h30.
O supercomputador, adiantou Miguel Avillez, também professor da UÉ, envolveu “um investimento próximo de um milhão de euros” e foi adquirido para a infraestrutura de investigação ENGAGE SKA "Enabling Green E-science for the SKA Research Infrastructure”, ligada ao projeto do maior radiotelescópio do mundo.
“50% do tempo de CPU da máquina ficará afeto ao ENGAGE SKA”, mas “os outros 50%” são para disponibilizar “à comunidade científica e a empresas no âmbito da Rede Nacional de Computação Avançada”, assinalou.
O ENGAGE SKA, liderado pelo Instituto de Telecomunicações (IT) de Aveiro e com as universidades de Évora, Aveiro, Porto e Coimbra, Instituto Politécnico de Beja e Associação RAEGE Açores, é a interface da comunidade científica nacional ao Square Kilometre Array (SKA).
Trata-se de um projeto global que, a uma escala sem precedentes, envolve cientistas e engenheiros integrados em mais de 100 instituições de 21 países na preparação da construção do maior radiotelescópio do mundo, que tem como objetivo observar e mapear o Universo, referiu a UÉ, aludindo a dados do portal do SKA.
“Irá abranger uma área com um milhão de metros quadrados para a recolha de dados através de milhares de radiotelescópios, o que exigirá avanços radicais no processamento de dados, na velocidade de computação e na infraestrutura tecnológica”, referiu.
O supercomputador em Évora vai “apoiar no processamento de volumes massivos de dados resultantes de atividades de investigação e inovação desenvolvidas em Portugal e enquadradas no design, prototipagem e operação” do radiotelescópio SKA e dos “seus eventuais precursores”.
A máquina “é capaz de processar 239 milhões de milhões de operações por segundo (TFLOPS – ‘Tera Floating Operations per Second’), com “um custo energético muito baixo”, e “vai ser preparada para armazenar 1,5 Petabytes de dados (equivalente a 1,5 milhões de Gigabytes)”, de acordo com o professor.
Além de “tratar, analisar e obter informações a partir de volumes massivos de dados”, o Oblivion vai “efetuar simulações numéricas em vários domínios da ciência”, nomeadamente no campo da astrofísica, precisou Miguel Avillez, do Departamento de Matemática e coordenador do Grupo de Astrofísica Computacional da UÉ.
“Permite fazer modelos sobre a origem e evolução do universo, das galáxias ou dos planetas e a radiação emitida a partir do Sol, entre outras coisas, e modelos de novos materiais, trabalhar o desenho de novos medicamentos ou testar aplicações paralelas para previsões nas áreas do clima e da agricultura”, avançou a academia alentejana.
“o supercomputador está em fase de testes, prevendo-se entrar em produção brevemente”, adiantou o coordenador.
O ENGAGE SKA tem um financiamento global na ordem dos quatro milhões de euros, atribuído pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), através do Programa COMPETE 2020.