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Agressão na Amadora. Sindicato da PSP alvo de queixa após publicação no Facebook

24 jan, 2020 - 07:32 • Susana Madureira Martins , com redação

Em causa está uma publicação onde o sindicato insinuava que a mulher agredida na Amadora poderia ter doenças graves transmissíveis ao polícia mordido.

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A Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR) enviou uma queixa ao Ministério Público contra o Sindicato Unificado da Polícia de Segurança Pública.

Em causa está uma publicação na rede social Facebook daquele sindicato sobre a mulher alegadamente agredida por um agente da PSP, que insinuava que a agredida poderia ter doenças graves transmissíveis ao polícia mordido. Uma publicação que foi entretanto retirada.

“A importância da CICDR também é saber distinguir e atuar face à diversidade e ao diferente nível de gravidade das queixas que recebe”, explicou ontem à noite Mariana Vieira da Silva, ministra da Presidência, durante uma intervenção no Parlamento.

Tudo aconteceu no domingo, dia 19, depois de a mulher, Cláudia Simões, se ter recusado a pagar o bilhete da filha num autocarro. O motorista pediu a intervenção da polícia e Cláudia acabou detida.

Na passada quarta-feira o ministro da Administração Interna ordenou a abertura de um inquérito sobre a atuação policial no caso da detenção que resultou numa denúncia contra o agente de serviço.

Vários partidos já pediram esclarecimentos ao Ministério tutelado por Eduardo Cabrita sobre a atuação policial nesta situação e na segunda-feira a PSP já tinha anunciado a abertura de um processo de averiguações.

No âmbito desta ocorrência, a organização SOS Racismo recebeu “uma denúncia de violência policial contra a cidadã portuguesa negra”, indicando que a mulher ficou “em estado grave”, resultado das agressões que sofreu na paragem de autocarros e dentro da viatura da PSP em direção à esquadra de Casal de São Brás, na Amadora.

Num comunicado da sua advogada enviado às redações na quarta-feira à noite, Cláudia Simões, de 42 anos e mãe de quatro filhos, conta que no passado domingo pensou que ia morrer sufocada na rua diante da filha de oito anos, vítima de agressões policiais.

"Ordenou-me que me sentasse no passeio, pedi-lhe para me sentar antes no banco da paragem, respondeu-me que não, que era no chão. Recusei-me a sentar no chão em plena via pública e perante a minha recusa o agente deitou-me ao chão", descreve.

A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia repudiou o mediatismo criado sobre a detenção de uma mulher na Amadora, considerando que cabe à Justiça averiguar o sucedido e “julgar quem tiver que ser julgado”.

Observatório do Racismo vai avançar

O Governo mantém a intenção de criar um Observatório do Racismo, que “pretende responder a uma pergunta que muitas vezes é feita que é se há ou não racismo, em quê e como é que o podemos combater”.

A ministra da Presidência acrescenta que a informação que será recolhida pelo observatório “não é irrelevante porque identificar os problemas com exatidão é talvez a boa maneira de assegurar a boa despesa pública”.

Em resposta à pergunta sobre os custos que o observatório irá ter, Mariana Vieira da Silva adiantou que ainda se encontra numa fase de estudo e que não se encontra prevista neste Orçamento do Estado.

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  • Cidadao
    24 jan, 2020 Lisboa 08:58
    Ainda andam às voltas com isto? É mesmo encher chouriços. Se querem manter o "caso" vivo, porque não falam das "duas estórias" que ela contou, uma logo que chegou à Esquadra, e outra diferente, logo depois de ser "orientada" pelos racistas do Sos Racismo?

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