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O problema das empresas? Santos Silva diz que está (também) na "qualidade fraquíssima" dos seus gestores

27 dez, 2019 - 21:26 • Redação com Lusa

Segundo o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, outro dos principaois problemas está na banca, "que só gosta de emprestar dinheiro para compra de casa".

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Um dos principais problemas das empresas portuguesas é "a fraquíssima qualidade da sua gestão", afirmou esta sexta-feira o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

O governante, que falava em Coimbra para graduados portugueses no estrangeiro, considerou que o problema principal das empresas portuguesas "está na sua descapitalização", com uma banca nacional "que só gosta de emprestar dinheiro para compra de casa", acrescentando que a segunda fonte de problemas é a "fraquíssima qualidade" da gestão das empresas. "Eu quero que os doutorados tragam mais qualidade para a gestão", afirmou o ministro, na sessão de encerramento do 8.º Fórum Anual de Graduados Portugueses no Estrangeiro (GraPE 2019), que decorreu no Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra.

Para Augusto Santos Silva, um tecido industrial "muito pouco qualificado" e "muito pouco capitalizado" terá também dificuldades em atrair jovens qualificados ou até em perceber as vantagens de apostar na inovação.

Durante a sua intervenção, o ministro disse que se pode "esperar sentado" se se supõe que o atual tecido industrial português "é capaz, por si só, de perceber a vantagem em trazer inovação para o seu seio e a vantagem em contratar pós-graduados e doutorados". "É preciso mudar o tecido industrial", vincou, considerando que atrair investimento estrangeiro para o país também é uma forma do tecido nacional mudar, face à competição que vem de fora.

De acordo com o ministro, as empresas que se estão a instalar no país requerem recursos humanos qualificados e localizações próximas de centros de investigação e universidades, sendo que as empresas estrangeiras que investem em Portugal confrontam-se "crescentemente com falta de mão de obra qualificada, incluindo doutorados", especialmente nas áreas da "ciência de dados, engenharias e informáticas". "O panorama português é de escassez de mão de obra qualificada e não um panorama de abundância de mão de obra qualificada sem saídas profissionais", notou.

Durante a intervenção, Augusto Santos Silva recordou que as vagas de emigrantes dos anos de 1960 e 70 foram responsáveis por mudanças no país, seja através das remessas enviadas para as famílias, as vindas periódicas nos verões, a requalificação do imobiliário ou a criação de pequenas e médias empresas nas suas terras de origem.

Dirigindo-se para a plateia, perguntou que contributo é que os jovens portugueses que hoje emigram darão ao país "daqui a 30 anos”? "Se há uma espécie de laço ou de dívida em relação ao país, como é que se veem a contribuir para o desenvolvimento de Portugal?", questionou, pedindo aos jovens graduados que deem respostas no próximo fórum, em 2020.

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  • José J. Cruz Pinto
    30 dez, 2019 ILHAVO 12:37
    De facto, como se tem vindo a generalizar, o "bom é, evidentemente, o trabalho "barato. O deles, no entanto, é especial ("de corrida") e obedece a outras regras - pode ser mau, mas tem de ser caro, ... mesmo não contando com um ou outro caso que, eventual e alegadamente, requeira o pagamento de "apoio emocional" por parte de consorte ou companheira/o, ideia por si só certamente merecedora de elevadíssimo e merecido "prémio de inovação e empreendedorismo". Chega assim?
  • José Joaquim Cruz Pinto
    29 dez, 2019 Ílhavo 19:19
    Claro que só faltava (mas já se esperava) que um representante dos "empresários" e "gestores" viesse indignar-se com a mais evidente das verdades proferidas por Augusto Santos Silva. Para além daqueles e seus representados, alguns políticos (e mais outros tantos), quem mais dá real valor à qualidade geral da gestão empresarial portuguesa? Claro que há excepções, e boas, mas relativamente poucas, infelizmente, e algumas vão é (e estão a) dar cartas lá fora. E o que é mais incompreensível é que, (1) para além de, por exemplo, haver ainda diplomados rejeitados por "excesso de habilitações" (em relação a quê e a quem - ora adivinhem lá - ..., porque o "bom" é o trabalho "barato") e (2) manter-se (desde sempre) periclitante a saúde de tantas empresas, (quase) diárias as falências e outras tantas desgraças (sempre por culpas alheias, claro), (3) continuam a ser diários os "louvores" à "excelência da classe empresarial portuguesa" e (4) insistentes os apelos a que se lhe reconheçam prerrogativas especiais e exclusivas (que mais ninguém consegue) na configuração de Orçamentos do Estado!
  • José J Cruz Pinto
    28 dez, 2019 ILHAVO 11:35
    Um dos principais problemas das empresas portuguesas é "a fraquíssima qualidade da sua gestão", afirmou esta sexta-feira o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. Olhem que grande descoberta! Mas o mais estranho e grave é que, não só isso não tem sido explicitamente reconhecido e afirmado em voz ainda mais alta, como suas EXCELÊNCIAS os "gestores" e "empresários" continuam na generalidade a ser louvados, e alguns mesmo condecorados, como se fossem a espécie mais meritória do nosso "ecossistema"!

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