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Emigração de médicos. Ministra pede um esclarecimento à Ordem

30 nov, 2019 - 13:15 • Marta Grosso com Lusa

À margem de um encontro em Lisboa, Marta Temido comentou os números da emigração de clínicos e a auditoria ao internato médico. “É apenas o início do trabalho”, garante.

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A ministra da Saúde, Marta Temido, considera que não se pode fazer uma ligação direta entre um pedido de certificado para exercer medicina fora do país e a emigração de médicos.

“Há um número de médicos que pedem o certificado para exercício profissional no estrangeiro, mas é importante referir que o acesso a esse certificado não é necessariamente para emigração, pode ser para o exercício temporário para a realização de um estágio ou de um curso”, disse Marta Temido neste sábado, reagindo à notícia do “Expresso”, que dá conta de que a fuga de médicos para o estrangeiro “é a mais alta dos últimos quatro anos”.

Na opinião da ministra da Saúde, é importante que a Ordem dos Médicos faça um esclarecimento em que se explique “o que aconteceu às pessoas que pediram esses certificados”, pois, no seu entender, “há interesse em conhecer a efetiva emigração dos jovens médicos”.

A ministra chamou ainda a atenção que o fenómeno existe também em Portugal, “pela procura de médicos de outros países, como Brasil ou de países de língua portuguesa".

"Estando [Portugal] integrado no mercado global é natural que também sinta o fluxo na saída de profissionais de saúde”, acrescentou.

“Importante é não fazer uma ligação direta, porque ela não existe, entre quem pede o certificado de boas práticas para exercício noutro país e a emigração”, reiterou a ministra, à margem do 5.º Encontro Nacional do Primeiro Episódio Psicótico, que decorre em Lisboa, dedicado ao tema "Priorizar cuidados na doença mental grave: intervenção precoce na psicose”.

De acordo com o semanário, o ano deverá terminar com quase 400 pedidos para exercer no estrangeiro, “pouco menos do que o recorde de 475 registado em 2015”.

As razões de quem sai são variadas, mas há uma comum a todos: “a degradação das condições de trabalho no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Sobre isto já o bastonário disse na Renascença, neste sábado de manhã, que existe “um problema muito grande no Serviço Nacional de Saúde” e que diz respeito “aos profissionais que fazem” este serviço.

Há ali um enorme descontentamento, uma enorme desmotivação das pessoas que estão a trabalhar no Serviço Nacional de Saúde. Sobretudo médicos e enfermeiros, mas também nos outros profissionais”, garantiu.

Auditoria é só o início

Segundo a ministra da Saúde, a auditoria que analisou os procedimentos que desencadeiam o internato médico, nomeadamente a atribuição de idoneidade e capacidades formativas, é apenas o início do trabalho que irá corrigir o processo.

“Esta auditoria é apenas o início do trabalho. Há uma reunião na segunda-feira com as partes que irá determinar um conjunto de ações através de despacho no sentido de correção do processo”, garantiu Marta Temido.

A auditoria externa e independente revela que a avaliação das capacidades de formação de médicos no SNS tem sido subjetiva e pouco documentada. E aponta falhas no processo, nomeadamente à Ordem dos Médicos.

“A questão que suscita é relacionada com duas recomendações da Assembleia da República ao Governo no sentido de analisar o processo de atribuição de idoneidade e capacidades formativas”, começou por explicar a ministra da saúde, avançando que o Ministério “cumpriu a recomendação e realizou uma auditoria independente ao processo”.

De acordo com Marta Temido, a auditoria “veio recomendar uma maior transparência e uma maior clarificação e até informatização desse processo para, não só garantir que eventuais capacidades que existam e que não estão a ser aproveitadas, não possam o ser”.

A auditoria serve igualmente para que “todos fiquemos tranquilos e informados sobre a forma com se atribuem” os procedimentos que desencadeiam o internato médico, afirma a ministra.

A atribuição de vagas para o internato tem todos os anos por base a definição da idoneidade e capacidade de formação dos serviços de saúde. As vagas são abertas pelo Ministério da Saúde, mas com base na identificação das capacidades por parte da Ordem dos Médicos.

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  • Cidadao
    30 nov, 2019 Lisboa 16:45
    A conhecida "tática PS" de lidar com problemas reais: primeiro desvaloriza, depois tenta lançar poeira para os olhos dizendo que "não é bem assim" quando toda a gente vê que é, e acaba a falar "no grande investimento feito" e na "melhoria" das condições, comparando com governos anteriores que atuaram sob outras condições. Os problemas, esses ficam por resolver. Nada de novo, o PS foi sempre assim.
  • raul Silva
    30 nov, 2019 15:07
    A Ministra da Saúde tem razão. Não há emigração de médicos portugueses. Pedem os certificados para irem comprar uns caramelos em Espanha, uns panetones na Itália, umas garrafas de champagne em França, salsichas na Alemanha e depois vão até às Caraíbas para recarregarem energias e regressarem a Portugal.

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