21 dez, 2018 - 19:37 • Redação
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O país assistiu esta sexta-feira à primeira onda de protesto dos “coletes amarelos”. O movimento prometia milhares de manifestantes nas ruas, mas não conseguiu concretizar o seu principal objetivo: o de “parar Portugal”.
As 25 manifestações autorizadas de norte a sul de Portugal mobilizaram algumas centenas de pessoas – para já, ainda não são conhecidos números oficiais.
O balanço final e oficial de uma sexta-feira de protestos é de quatro detidos, nos incidentes em Lisboa. Além dos detidos, 24 manifestantes foram identificados em todo o país, segundo a Direção Nacional da PSP.
Alguns dos momentos de maior tensão viveram-se durante a manhã na rotunda do Marquês do Pombal, em Lisboa, para onde foi mobilizado um forte contingente policial. Manifestantes foram detidos após tentativas de cortar a circulação rodoviária no coração da capital.
Ao final da tarde, um novo momento de agitação na mesma zona do Marquês de Pombal, com a polícia a remover um grupo de cerca de manifestantes.
Marcelo passou pelo Marquês
Em declarações aos jornalistas, pelas 19h00, o Presidente da República disse que passou de carro no Marquês para ver com os "próprios olhos" o local em que os manifestantes estiveram concentrados ao longo do dia.
"Os portugueses deram uma demonstração de grande sabedoria", disse Marcelo à entrada da Comunidade Vida e Paz, destacando o facto de os protestos, no geral, terem decorrido de forma pacífica. “Essa foi a grande lição que eu retirei de hoje”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
Outro foco de atenção das autoridades era a Ponte 25 de abril, que em 1994 foi alvo de um bloqueio de camionistas e consequentes confrontos. Desta vez, o protesto decorreu de forma pacífica e sem corte da ligação entre as duas margens do rio Tejo.
No Porto, o epicentro dos protestos foi a zona do nó de Francos. A circulação automóvel chegou a estar condicionada durante a manhã nesse local e cortada durante alguns minutos num acesso à VCI. Os manifestantes desfilaram depois até à Avenida dos Aliados.
Mais a norte, na cidade de Braga, durante a manhã viveram-se momentos de tensão quando mais de meia centena de "coletes amarelos" atiraram garrafas contra viaturas que tentaram furar o bloqueio. O nó de Ínfias esteve cortado, uma situação que tinha sido previamente autorizada pelas autoridades competentes.
A manifestação de Braga terminou pelas 13h20, com desacatos entre alguns manifestantes, após uma reunião entre os responsáveis pela organização da iniciativa e o presidente da Câmara, Ricardo Rio.
Em Leiria os “coletes amarelos” não cortaram estradas, mas a estratégia passou por utilizar as passadeiras de forma lenta e corrente.
Seis dezenas de manifestantes condicionaram o trânsito na cidade de Coimbra, principalmente depois das 10h00, mas sempre controlados de perto por efetivos da PSP.
A Direção Nacional da PSP abriu um processo interno para averiguar o comportamento de um agente policial que, num vídeo publicado nas redes socais, despe o colete de polícia e confronta manifestantes dos "coletes amarelos", em Coimbra.
No Algarve, dezenas de manifestantes condicionaram transito na rotunda do shopping de Faro.
Nas reações políticas, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou durante uma visita ao bairro Jamaica, no Seixal, que “temos de melhorar, mas não há problema que sempre dure”.
O Presidente da República aconselhou os atores políticos a "olhar com mais atenção" para o que mudou na Europa e no país.
O líder do PSD, Rui Rio, classificou o protesto dos "coletes amarelos" como um fracasso, mas também como "um aviso", defendendo que os partidos tradicionais têm de perceber a necessidade de mudar e atacar os "problemas estruturais".
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, atribuiu a fraca adesão ao protesto dos "coletes amarelos" à "tentativa de instrumentalização da extrema-direita", considerando que "as pessoas em Portugal sabem que não será daí que vem a solução".
O Partido Comunista "regista um enorme contraste entre uma promoção mediática artificial com uma dimensão raramente vista e a escassa participação verificada (apenas algumas centenas de pessoas no conjunto do País)".
A adesão ao protesto dos coletes amarelos “traduz um claro distanciamento e rejeição pelos trabalhadores e o povo português desta ação e das suas intenções obscuras”, sublinha o PCP, em comunicado.
A líder do CDS-PP, Assunção Cristas, disse estar "atenta" ao protesto dos coletes amarelos, destacando que "muitas das teclas que estão a ser tocadas" pelo movimento são semelhantes às que o partido "tem vindo a insistir no parlamento.
[notícia atualizada às 22h55 - número de detidos sobe de três para quatro]