12 dez, 2018 - 10:35
Os chefes de equipa de urgência do Hospital D. Estefânia, em Lisboa, apresentaram a demissão à administração, esta quarta-feira, considerando que houve “quebra do compromisso” de contratar mais médicos feito pela instituição.
O anúncio da demissão sublinha que os médicos consideram que a situação “é insustentável”.
A demissão foi apresentada por todos os chefes de equipa e coordenadores daquele serviço, num total de 10.
O bastonário da Ordem dos Médicos, que tinha marcado para hoje uma visita àquele hospital de Lisboa, está reunido com a administração, depois de ter criticado, na terça-feira, as “graves carências de recursos humanos” na instituição.
“É necessário que nos sentemos e ultrapassemos as dificuldades”
Esta quarta-feira, no Parlamento, a ministra da saúde admitiu que algo não vai bem no Hospital D. Estefânia. Confrontada com a demissão dos chefes de equipa das urgências, Marta Temido admitiu que há sinais de que algo não vai bem.
“Como é que podemos ler as demissões de diretores de serviço? Uma de duas formas: que é preciso trabalhar para melhorar ou como formas de descredibilizar o sistema. Eu prefiro sempre encará-los como sinais de preocupação de que algo não vai bem e que é necessário que nos sentemos, conversemos e ultrapassemos as dificuldades”, afirmou numa audição, em resposta a uma questão do Bloco de Esquerda.
Marta Temido adiantou que já está a ser preparado o concurso para a colocação de 586 recém-especialistas, alguns dos quais irão para o D. Estefânia.
“Está neste momento em preparação o concurso para a colocação dos recém-especialistas da segunda época de 2018. Esse concurso abrange 586 vagas”, anunciou.
“São as 113 para os cuidados de saúde primários, são 13 para a saúde pública e são 460 para a área hospitalar. As vagas para a área hospitalar abrangem também – mais uma vez provavelmente não em plena coincidência com aquilo que serão as expectativas, mas abrangem obviamente o hospital da Estefânia”, adiantou.
Quanto ao calendário para a colocação destes especialistas, a ministra da Saúde afirmou que o concurso deverá ser “aberto até ao dia 19 de dezembro”.
“Tenho bem conhecimento da resolução da Assembleia da República 89/2018, do prazo de 30 dias que nela está recomendado, tenho trabalhado com o senhor ministro das Finanças em grande proximidade e harmonia no sentido de responder adequadamente a esta recomendação, a esta necessidade e a esta vontade que temos de que os recém-especialistas fiquem no sistema e estejam com listas de utentes e com consultas o mais depressa possível”, concluiu.