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​Pedreiras declararam zonas de segurança onde já não havia chão

20 nov, 2018 - 19:02 • José Carlos Silva

O presidente do Colégio de Engenharia Geológica e de Minas da Ordem dos Engenheiros diz que o problema tem décadas e que hoje o processo de legalização é mais exigente.

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No Alentejo, na década de 80, proprietários de pedreiras que declararam zonas de segurança onde já não havia chão, diz o presidente do Colégio de Engenharia Geológica e de Minas da Ordem dos Engenheiros, Carlos Caxaria.

A exploração desde o século passado da pedra, no triângulo do mármore, Borba - Vila Viçosa - Estremoz, explica em boa parte a tragédia de segunda-feira.

O presidente do Colégio de Engenharia Geológica e de Minas da Ordem dos Engenheiros garante que teve conhecimento de pedreiras que declararam como zona de defesa metros de terra que há muito haviam sido comidos pela exploração do mármore.

Carlos Caxaria disse à Renascença que foi a partir dos anos 80, quando "começa a haver exigência de planos de exploração, de planos de lavra, que algumas pedreiras nesse período de transição declararam como zonas de defesa encostadas à estrada áreas que já tinham sido comidas pela exploração".

Esta situação pode explicar o facto de haver gigantescos buracos abertos encostados a estradas, como acontece na antiga estrada nacional 255, onde aconteceu a derrocada de segunda-feira que fez dois mortos e três desaparecidos.

Carlos Caxaria considera que seria uma situação impensável nos dias de hoje, uma vez que seriam obrigadas a deixar livre uma zona entre os 30 e os 50 metros.

O problema, é que a exploração não é de hoje, remonta a meados do século passado.

Lembra Carlos Caxaria que "não são pedreiras que nasceram agora, não são buracos feitos há 15 ou 20 anos, foram feitos ao longo de duas ou três gerações”.

“Logo a seguir a meados do século passado, havia explorações e a legalização não se fazia como se faz hoje, com grande exigência", sublinha o especialista.

No passado, o nível de exigência era uma simples declaração, nem havia sequer licenciamento. A partir dos anos 80 as coisas mudaram.

"Nessa altura os planos não eram aprovados se a zona de segurança não estivesse lá consubstanciada. Eu tenho conhecimento de algumas pedreiras, não sei se são estas ou não, que então, no plano de lavra, punham zonas de defesa como se elas existissem, quando elas já não existiam", conclui o presidente do Colégio de Engenharia Geológica e de Minas da Ordem dos Engenheiros.

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  • 21 nov, 2018 01:02
    entao e costa nao diz nada?

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