22 mai, 2018 - 06:00 • Celso Paiva Sol
Estarão as crianças e jovens informados e preparados, para enfrentar situações de catástrofe? O que devem os governos e os serviços de Proteção Civil fazer para dar resiliência aos mais novos? As perguntas estão na base de um projecto europeu - "Cuidar" -, cujas conclusões vão esta semana ser apresentadas em Lisboa.
Entre as recomendações, está a inclusão de crianças e jovens na elaboração de planos de segurança.
Partindo da constatação de que a opinião e as necessidades das crianças e dos jovens são frequentemente esquecidos, tanto na elaboração dos planos de prevenção, como durante e depois das catástrofes, este projecto europeu recomenda precisamente um outro envolvimento dessas faixas etárias.
Desde logo na escola, no desenvolvimento de uma Educação para o risco, que deve passar, inclusive, pela revisão dos currículos escolares e respetivos manuais.
Desde muito cedo, as crianças – mas também os professores - devem ter acesso a iniciativas, projetos, equipamentos, e especialistas que lhes deem conhecimentos e autonomia. E isso deve ser promovido com ações práticas e não apenas no plano teórico.
Entre as recomendações está o envolvimento dos alunos nos planos de segurança da própria escola, com a atribuição de missões em caso de catástrofe, assim como a revitalização dos clubes de Proteção Civil ou ações que juntem alunos, pais, professores e funcionários.
No mesmo sentido, são sugeridas ações de sensibilização mais amplas com recurso à comunicação social, às redes sociais, e às plataformas digitais, não só para a difusão de mensagens, mas também de material didático.
A ideia é acolher, de facto, a opinião das crianças e dos jovens nos processos de consulta pública sobre risco e segurança, criar programas de voluntariado para jovens na área da Proteção Civil e até criar um prémio anual para dar visibilidade a iniciativas que visem a redução do risco de catástrofe, levadas a cabo por, ou com crianças e jovens.
O projecto Cuidar nasceu em 2015, quando um grupo de universidades e organizações não-governamentais do Reino Unido, Espanha, Portugal, Itália e Grécia ganhou o necessário financiamento para concretizar a ideia.
Em três anos, nestes cinco países, foram ouvidos 550 jovens, 177 dos quais em Portugal.
Com idades entre os 9 e os 16 anos – no caso português, coordenado pelo Instituto de ciências sociais da Universidade de Lisboa – o trabalho incidiu sobretudo nos efeitos das alterações climáticas.
Cheias e incêndios, foram os temas centrais.
Esta terça e quarta-feira realiza-se, em Lisboa, a conferência final deste projeto europeu.
Os destinatários das conclusões serão os governos, mas sobretudos as Autoridades de Proteção Civil de toda Europa.