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Apoio às Artes. “Nem mesmo antes do 25 de Abril isto acontecia”

03 abr, 2018 - 11:03

Setor está indignado com novo modelo de subsídios e está prevista uma concentração de protesto, para quarta-feira, em Lisboa.

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O novo modelo de atribuição de subsídios nas Artes está a indignar os artistas: os apoios anunciados pelo Ministério da Cultura deixam de fora várias companhias históricas e festivais tradicionais, como o Teatro Experimental de Cascais e o Festival Internacional de Marionetas.

A exclusão de companhias é uma situação inédita, sobretudo quando em campanha eleitoral António Costa prometia um apoio reforçado na Cultura. À Renascença, Carlos Avilez, encenador do Teatro Experimental de Cascais fala numa situação “estranha”, pois isto nunca tinha acontecido, em Governo algum.

“Não me lembro de certas companhias serem excluídas. Nunca…nem mesmo antes do 25 de Abril. Portanto, estou convencido de que este Governo, sendo de esquerda, vai corrigir isto rapidamente”, desabafa Carlos Avilez, que espera não ser desiludido.

O encenador reconhece que ontem ficou mais calmo com as palavras do ministro, mas reconhece que isto “não é um problema de uma companhia, é um problema de uma classe, que foi muito agredida com esta decisão”.

Carlos Avilez fala de uma situação incompreensível que começa logo na altura do concurso. “Concorremos com umas normas que não estão bem e fomos sujeitos a estas situações complicadas”.

Mas o Teatro Experimental de Cascais consegue sobreviver sem o apoio do Estado? “Não, não é possível sobreviver, nem é justo: fomos maltratados e é quase humilhante”.

“Não acredito que isto vá acabar. Nem pensar nisso, porque nós não desistimos” desta companhia com 52 anos. “Aliás, temos também o apoio da Câmara, temos o apoio da classe e temos recebido mensagens das pessoas mais diversas”, confessa.

Face à polémica, o ministro da Cultura anunciou na RTP, na segunda-feira à noite, um aumento nas verbas. Luís Filipe Castro Mendes garantiu o reforço de 900 mil euros por ano na área do teatro, até 2021.

As candidaturas ao Programa de Apoio Sustentado da DGArtes – que financia grande parte da atividade artística em Portugal – tinham aberto em outubro com um valor global disponível de 64,5 milhões de euros para o quadriénio 2018-2021, em seis modalidades: circo contemporâneo e artes de rua, dança, artes visuais, cruzamentos disciplinares, música e teatro.

O concurso para a modalidade teatro tinha, inicialmente, um montante global de 29,67 milhões de euros, até 2021, devendo subir agora aos 33,27 milhões.

O setor está indignado com este novo modelo de apoios e está prevista para quarta-feira uma concentração em frente ao Teatro D. Maria II, em Lisboa.


Comentários
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  • João Lopes
    03 abr, 2018 Viseu 15:30
    Uma cultura que não se impõe por si mesma, isto é que não atrai o povo, que é elitista, que só existe para si própria e que depende do subsídio do contribuinte, talvez não mereça existir…
  • João Lopes
    03 abr, 2018 Viseu 15:01
    Uma cultura que não se impõe por si mesma, isto é que não atrai o povo, que é elitista, que só existe para si própria e que depende do subsídio do contribuinte, talvez não mereça existir…
  • José Cruz Pinto
    03 abr, 2018 ILHAVO 13:03
    Bom, nem tudo o que parece é. Os artistas queixam- se muito, e pode muito bem até dar-se o caso de terem muita (ou até toda a) razão. Mas não chega vermos na televisão uma artista, ainda que credora de mérito, dizer que se assustou só de ver os formulários que teria/terá de preencher para concorrer a um subsídio para um "projecto de obra de arte". Dizia ela que não sabia como era possível, por exemplo, justificar-se a "adequação de uma equipa" para um dado projecto. Como assim ? Então só os investigadores em ciência e tecnologia é que têm de provar documentalmente exactamente isso e muito mais para serem financiados, com a agravante de que nunca têm certezas de curto prazo de recebimento do produto de "venda de bilhetes" ou de quaisquer outros proventos, nem sequer certezas absolutas de cumprimento integral e literal de objectivos ?! Como é ? Então, não são os artistas que têm provar que os seus projectos têm mérito, ou somos nós que temos a obrigação de apostar neles todos como no loto ? Cultura, sim, pois claro, mas com avaliação objectiva que vá para além de loas e palmas.
  • 03 abr, 2018 12:17
    Agora tem um governo a vontade do maestro victorino de almeida Querem ver que ainda nao estao satisfeitos?

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