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Eutanásia. Deputada estima 4.500 mortes por ano em Portugal através de exemplo holandês

16 mar, 2018 - 06:51

O cálculo é avançado por Isabel Galriça Neto, deputada do CDS-PP e médica especialista em cuidados paliativos.

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"Em Portugal aconteceriam 4.500 eutanásias por ano", declarou Isabel Galriça Neto, fazendo uma extrapolação do caso holandês e do número de habitantes da Holanda para o número de habitantes de Portugal.

A deputada e dirigente centrista, que falava em Lisboa num debate promovido pelo CDS-PP, partido que é contra a eutanásia, argumentou que não se pode desligar a discussão da experiência dos países em que aquela prática é legal e esperar que em Portugal os resultados sejam diferentes.

Na Holanda, frisou, há "uma eutanásia a cada uma hora e 20 minutos, 18 eutanásias por dia", de pessoas "que não pediram para morrer", com demência e outros quadros clínicos de saúde mental ou sujeitas a "sofrimento intolerável", que pode ir da depressão a uma situação de encarceramento prisional.

Tais situações já levaram a demissões no comité de eutanásia na Holanda, sublinhou, "porque aquilo que está na lei é rapidamente ultrapassado".

A deputada do CDS-PP defendeu também que a objeção de consciência dos médicos é atacada naqueles países, nomeadamente através do financiamento do Estado a instituições que se recusam a praticar a eutanásia.

Uma "janela de oportunidade" à morte

No debate intervieram também o comentador e escritor Henrique Raposo e o assessor de comunicação João Franco Reis, que se dedicaram sobretudo a questionar a questão moral, igualmente sublinhada por Isabel Galriça Neto, que considerou tratar-se de uma questão de "direitos humanos".

Henrique Raposo argumentou que legalizar a eutanásia é proporcionar uma "janela de oportunidade" à morte.

"Quando alguém se quer atirar de uma ponte, o nosso impulso é impedi-la. Qual é a diferença entre agarrar uma pessoa a tentar saltar de uma ponte e ir ao hospital? ", questionou.

Henrique Raposo, que assumiu ter sofrido uma depressão que o levou a pensar no suicídio, sublinhou que a missão da sociedade é fechar a janela de oportunidade para a morte, tal como se colocam traves nas pontes para prevenir suicídios.

"As pessoas que foram travadas na Golden State [ponte de São Francisco, nos Estados Unidos], 94% nunca mais tentou o suicídio", ilustrou.

A Assembleia da República tem pendentes projetos sobre morte medicamente assistida, do PAN e do Bloco de Esquerda, e são esperados um do PEV e outro do PS.

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  • Anónimo
    16 mar, 2018 22:22
    4500 pessoas que teriam o direito a uma morte digna. Isto indigna o CDS e a escumalha das caixas de comentários (ignorante como sempre) que preferem que essas pessoas sofram.
  • LHitler,lenine
    16 mar, 2018 lisboa 11:23
    Lamentam-se as mortes dos incêndios e vao matar com produtos químicos ou similares 5000 portugueses por ano.Ao fim de dez anos equivale aos mortos na guerra da SIRIA.EU e ONU tem responsabilidades neste novo holocausto e estas mortes são semelhantaes á dos espiões em Inglaterra ,onde impera a coerência?.Mortes químicas em guerra não mas prós mancos e coxos sim.Depravaçao e valores invertidos é o caso.
  • Filipe
    16 mar, 2018 évora 11:22
    Ora não , digam lá isso ao Estado que fica todo contente , é menos equipamento investido e menos pessoal , menos gastos e menos reformas a pagar , o PIB vai aumentar !
  • João Lopes
    16 mar, 2018 Viseu 09:30
    A defesa da vida, em todas as circunstâncias, é a defesa da humanidade. Os promotores da cultura da morte − aborto e eutanásia − atentam contra a dignidade da pessoa humana: são os "bárbaros" e os "monstros" destes tempos…A eutanásia e o suicídio assistido são diferentes formas de matar. Os médicos e os enfermeiros existem para defender a vida humana e não para matar: nem querem ser cúmplices do crime de outros.

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