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Pais podem fazer visitas-surpresa às cantinas das escolas

14 dez, 2017 - 13:37

Governo admite aumentar preço das refeições escolares às empresas, mas aposta agora na fiscalização. O fornecedor Uniself, alvo de várias queixas, diz que as falhas resultam da “grande escala” da operação.

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Já saiu em Diário da República o despacho da secretária Adjunta e de Estado da Educação que cria equipas especiais para fiscalizar as cantinas escolares. A medida, que responde a várias denúncias de comida má confeccionada ou em doses insuficientes, vai permitir aos pais fazer visitas-surpresa às cantinas.

“O que vai acontecer de diferente é que vai haver equipas, já constituídas neste momento, com três pessoas no Norte, no Centro e em Lisboa, e com duas pessoas no Algarve e Alentejo, porque são regiões mais pequenas”, anuncia a secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão, na Manhã da Renascença.

Essas equipas, uma por cada delegação regional, vão dirigir-se às escolas “de forma aleatória, para fazerem fiscalizações surpresa”, acrescenta.

A medida já estava prevista, mas o “Plano Integrado de Controlo da Qualidade e Quantidade das Refeições Servidas nos Estabelecimentos de Educação e Ensinos Públicos” só foi publicado na quarta-feira em Diário da República. E inclui uma parceria com as associações de pais.

O plano “reforça a fiscalização – seja ao nível das equipas descentralizadas da direcção-geral, seja ao nível de uma equipa de coordenação da direcção-geral". "E estabelecemos aqui uma parceria, que acho que vai ser muito frutuosa, com a Confederação das Associações de Pais”, explica Alexandra Leitão. A parceria permite que um encarregado de educação apareça na escola de surpresa durante as refeições.

“A primeira linha de monitorização é ao nível da escola, com o director, os professores, os pais a entrar; a segunda linha é com as tais equipas das delegações regionais; e a terceira linha é ao nível da coordenação central, que é depois quem aplica as sanções, através da directora geral dos estabelecimentos escolares”, explica Alexandra Leitão.

A secretária de Estado admite que o valor a pagar por refeição possa ser revisto no futuro, em sede de Orçamento do Estado, mas tal não parece ser o problema da falta de qualidade das refeições servidas.

Actualmente, o preço contratualizado (pago às empresas concessionadas pelas escolas) não chega a um euro e meio. Também convidada da Manhã da Renascença, a Uniself, empresa que serve refeições nas escolas de todo o país e contra a qual já terão sido feitas cerca de 900 queixas, só no concelho de Cascais, explica que a questão reside na falta de pessoal.

“Gostaríamos de ter um valor mais alto para trabalhar, mas são os preços determinados pelo mercado e nós estamos com responsabilidade no mercado. Temos um grande orgulho na nossa matéria-prima, na nossa empresa e nos profissionais técnicos habilitados a trabalhar”, começa por dizer o director comercial, João Lobo.

“Temos cerca de cinco mil pessoas diariamente a fazer este trabalho. Não tem a ver com o factor económico, porque quando fazemos as propostas sabemos o que vamos encontrar. Decorre de ser uma operação a grande escala e de ter muita gente a trabalhar”, destaca.

As refeições escolares e os problemas que têm vindo a público estiveram em destaque na Manhã da Renascença nesta quinta-feira. Há quem defenda que deveriam ser as escolas a preparar as próprias refeições, mas Alexandra Leitão explica que essa decisão cabe aos directores dos estabelecimentos de ensino.

Comentários
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  • Jordan
    14 dez, 2017 Gaia 16:56
    Mais um motivo criado nas Escolas Publicas , para justificar a falta de fiscalização nas Escolas ! ... compete aos elementos dos Agrupamentos Escolares , todo e qualquer acto de iniciativa de fiscalidade , previsto na Lei , assim como a todos os funcionários permanentes dentro das Escolas , não é de todo que existe dentro das Escolas um novo paradigma ? ! As Escolas passaram dos tempos da era da disciplina , para se tornarem espaços abertos e coniventes com a vida exterior , todo serve de contexto para que a gerência do ensino seja uma missão de fora para dentro e não de dentro para fora ! ... ou seja as Escolas foram perdendo a sua autonomia por sua livre e espontânea vontade .
  • Leocárdia
    14 dez, 2017 Seixal 16:51
    Tou mesmo a ver agora os pais todos os dias batidos nas escolas... Só dão é porcaria aos filhos para comer em casa e depois na escola querem faisão por € 1,50
  • Francisco
    14 dez, 2017 lisboa 15:37
    Se o Governo admite pagar mais talvez isto nao seja mais do que uma ação orquestrada pela Uniself para ganhar mais pelo mesmo
  • Frankie
    14 dez, 2017 Viseu 15:35
    Já agora ponham também os papás a fazer visitas ás salas de aula para comprovarem as faltas de educação, a arrogância e o mau comportamento dos seus meninos. Pena que para essas coisas, os papás demitem-se das suas funções
  • Irene Fernandes
    14 dez, 2017 Cascais 15:28
    Enquanto houver Empresas a pensar no lucro e não nas crianças isto não vai para a frente, continua a ser servida nos Infantários deste concelho a crianças de apenas três anos, em que se encontram em fase em crescimento alimentação de má qualidade e pouca quantidade, o meu neto quando o vou buscar vem esfomeado e pede-me comida, mas haverá crianças que não terão avós que os alimentem, por exemplo as crianças institucionalizadas.
  • João Silva
    14 dez, 2017 Lisboa 14:13
    Então se são os Pais quem vai monitorar e fazer vistas de surpresa, para que servem as Inspeções do ministério? Ou mesmo o próprio?
  • Ricardão Ricardo
    14 dez, 2017 Sintra, Portugal 14:12
    Actualmente, o preço contratualizado (pago às empresas concessionadas pelas escolas) não chega a um euro e meio. Também convidada da Manhã da Renascença, a Uniself, empresa que serve refeições, sobretudo no concelho de Cascais, e contra a qual já terão sido feitas cerca de 900 queixas, explica que a questão reside na falta de pessoal. ESTAS SÃO ALGUMAS VERDADES !!! Como se pode fornecer comida com ingredientes de qualidade a 1,5€ (?!?!?!) A qualidade também faz falta na quantidade relativamente ao pessoal mas para isso é necessário pagar !! Os ordenados, por exemplo, de um/a cozinheiro estão aquém do razoável ...Em todos os refeitórios (restaurantes de empresas) onde trabalhei existia uma fiscalização surpresa e o encarregado teria de responder pelas anomalias !! Existe uma profissão pouco utilizada que são a Dietistas que rotativamente fiscalizam reportando à Direcção e do Estabelecimento e Empresa fornecedora ! A fiscalização por parte dos pais, inopinada, será como pedir uma opinião sobre medicamentos a um grupo de interessados !! O ESTADO ESTÁ ASSIM A CRIAR UM ESTADO COLAPSO E PROVIDENCIAR MUITA GENTE PARA O DESEMPREGO !!
  • KOMITÉ DO PCP JÁ
    14 dez, 2017 Lx 13:51
    Melhor seria um komité como no tempo da União Soviética comandado pelo líder do PCP e com a tropa de choque a CGTP e a FENPROF e com os chamados pioneiros vestido de vermelho com o lencinho e a cantar o hino da URSS já defunda mas fica sempre bem a esses empedernidos reviver os bons velhos tempos... Refeições pagas pelo Estado a 1, 5 euros deve ser verdade a qualidade...

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