16 nov, 2017 - 23:58
O Presidente da República entregou os prémios Gazeta de Jornalismo de 2016. Marcelo Rebelo de Sousa juntou-se à cerimónia lembrando que são difíceis os tempos no sector da comunicação social portuguesa.
Ainda assim, diz o chefe de Estado vale a pena continuar a luta pela liberdade de imprensa e pelo direito constitucional a informar.
Marcelo traçou o cenário difícil que atravessa a comunicação social e deixou um recado para o Parlamento. “A ausência de consensos substanciais retardou de um ano o arranque dos novos titulares da ERC. A imprevisibilidade continua a atingir a vida de número elevado dos que persistem em afirmar o direito constitucional a informar”, disse.
Ainda assim, diz o Presidente da República, é preciso persistir na luta. “Sem informação forte não há democracia forte. Estes prémios têm esse mérito adicional, traduzem um gesto de resistência virada para o futuro”, acrescenta.
Ironicamente, o premiado na categoria de Fotojornalismo, Enric Vives-Rubio, ficou sem emprego, depois de 11 anos a recibos verdes no jornal "Público". “Podia ser esta fotografia ou outra das milhares que fiz durante mais de uma década, mas a vida quis que fosse esta a fotografia premiada. Desde 2005 – o que dá 11 anos – estive a recibos verdes, uma situação laboral precária por proposta do jornal para fugir à legalidade que seria assumir a admissão aos quadros da empresa”.
João Carlos Malta e Teresa Abecasis, jornalistas da Renascença, venceram o Prémio Gazeta Multimédia com a reportagem "O cemitério dos vivos" sobre a comunidade cigana no bairro da Pedreira, em Beja.
Os jornalistas que ficaram sem emprego nos últimos anos e as histórias que ficaram por contar foram lembradas por Teresa Abecasis.
“O nosso trabalho foi um desbloqueador de muitas conversas. Entre o ano de 2008 e 2015 1.218 jornalistas perderam o emprego. Nos últimos anos terão sido outras centenas. São demasiados. São muitas histórias que ficam por contar, muitas conversas que perdem oportunidade de aproximar pessoas e realidades”, disse.
É o terceiro ano consecutivo que a Renascença ganha nesta categoria. É um trabalho feito em equipa, destacou João Carlos Malta. “Este trabalho é também um prémio para todos os nossos colegas, os que estão na ‘última hora’ com a actualidade, que permitem libertar pessoas para podermos ter tempo para fazer estes trabalhos de maior fôlego e olhar para a realidade de forma diferente”, referiu João Carlos Malta.
Nesta cerimónia foram entregues os Prémios Gazeta 2016 a Enric Vives-Rubio, (Fotografia), a Teresa Abecasis e João Carlos Malta, da Renascença (Multimédia), a Isabel Meira, da TSF (Rádio), a Luciana Leiderfarb, do Expresso (Imprensa) e a Margarida Metello (Televisão).