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Está a Costa Vicentina a ser tomada por estufas?

25 ago, 2017 - 11:42

A associação ambientalista Zero é peremptória a afirmar que sim. Mas o Instituto da Natureza garante que a situação está sob controlo.

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É cada vez maior o “assédio” aos terrenos do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina com o objectivo de instalar estufas e túneis para agricultura intensiva, sobretudo de frutos vermelhos, denuncia a associação ambientalista Zero.

Aquela área protegida, alerta a associação, já tem das maiores intensidades agrícolas do país e cada vez menos se cumprem as normas ambientais previstas no plano de ordenamento.

Daqui decorrem impactos sociais e ambientais graves e crescentes, afirma a Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável.

“Ou temos controlo, porque estamos numa área protegida, ou então temos danos numa área bastante sensível que o próprio plano de ordenamento procurou limitar e onde a entidade gestora – o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas – deveria ter um acompanhamento muito mais directo e cuidado”, afirma o ambientalista Francisco Ferreira na Manhã da Renascença.

“Há parte da população que se queixa das ofertas e do assédio que é feito para vender ou arrendar terrenos para a agricultura”, denuncia, acrescentando que, “do ponto de vista ambiental, os solos e a água acabam por ser contaminados” com tanta intensidade agrícola.

Francisco Ferreira explica que “há uma regra no plano de ordenamento que é ‘eu não posso ter esta agricultura intensiva em mais de 30% destes 15 mil hectares’”, mas “o que é facto é que não se sabe, afinal, quanto é que as actividades de agricultura intensiva já estão, ou não, a utilizar desta área disponível”.

O Instituto de Conservação da Natureza e Florestas nega e garante que o limite dos 30% ainda não foi atingido. À Renascença, a directora do Departamento de Conservação da Natureza e Florestas do Algarve (ICNF), Valentina Calixto, diz mesmo saber qual a área de ocupação.

“Efectivamente, sabemos qual é a área, mas, mais em concreto, quem sabe essa área é a entidade com competência no regadio que são as entidades do Ministério da Agricultura – neste contexto, a Direcção-geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural”, afirma.

Valentina Calixto adianta que o ICNF coordena um grupo de trabalho criado para “definir um quadro técnico orientador, no sentido de concertar com os produtores agrícolas normas que vão além daquilo que são as obrigações legais de cumprir o plano de ordenamento”.

As normas do plano impõem, por exemplo, a certificação de produtos, “mas não impõe a aplicação de boas práticas e aquilo que é o exercício em harmonia com outras actividades – actividades turísticas e outras que estão presentes no território”, aponta a responsável.

A Zero alerta, contudo, que o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina não é caso único no país.

“Na Herdade da Comporta havia zonas de floresta e o tipo de ocupação se pretende que venha a ser agora também de uma agricultura intensiva; há zonas onde a cultura de arroz, por exemplo, junto a estuários tem uma intensidade grande. Há aqui toda uma necessidade de acompanhamento e monitorização que não nos parece estar a ser feita e que pode ter consequências de curto e de longo prazo”, apela.

Comentários
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  • José António
    25 ago, 2017 Setubal 12:43
    Tipo, mar de plástico da andaluzia, a perde de vista.

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