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​Se todos fossem como os portugueses, "recursos do planeta acabavam"

04 jun, 2017 - 17:14

O alerta é do presidente da associação ambientalista Zero, em vésperas do Dia Mundial do Ambiente.

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Os portugueses desperdiçam recursos naturais e se todas as pessoas no mundo usassem os recursos do planeta como eles, na segunda-feira acabavam, alerta o presidente da associação ambientalista Zero, em vésperas do Dia Mundial do Ambiente.

Em declarações telefónicas à agência Lusa, a propósito da sessão "Compreender a utilização que Portugal faz dos recursos naturais da biosfera através da contabilização da Pegada Ecológica", que decorre hoje em Guimarães e se insere na 'Green Week', Francisco Ferreira apontou que os portugueses consomem em excesso os recursos do planeta, em comparação com a média dos habitantes e tendo em conta aquilo que o planeta consegue regenerar.

"Se todos os actuais habitantes do planeta fizessem um uso dos recursos igual àquele que os portugueses estão a fazer, a 5 de Junho, precisamente no Dia Mundial do Ambiente, nós esgotaríamos os recursos renováveis do planeta", alertou o presidente da Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável.

O responsável adiantou que a conclusão é retirada da avaliação que a associação ambientalista fez, em conjunto com a organização Global Footprint Network, à pegada ecológica dos portugueses e que traduz o consumo de recursos por cada um dos habitantes e do país, juntamente com a capacidade do planeta em regenerar esses mesmos recursos.

Na sequência desse dado, Francisco Ferreira apontou que a partir do dia 5 de Junho, o planeta estaria a subsistir das suas reservas, com os habitantes a "viver a crédito".

De acordo com o presidente da Zero, a explicação para este dado tem três motivos, um dos quais relacionado com o tipo de alimentação que os portugueses têm, onde ainda prevalece o consumo de carne e de peixe, o que, do ponto de vista dos recursos, é "significativo".

"Em comparação com uma alimentação onde vamos buscar o primeiro nível da cadeia alimentar, com menos carne, menos peixe e mais vegetais, isto tem um impacto muito grande nos recursos", apontou.

Por outro lado, responsabilizou as emissões de dióxido de carbono, sobretudo ao nível da mobilidade, e a dependência em relação aos combustíveis fósseis, como o petróleo, o gás natural ou o carvão, cujo "impacto é extremamente elevado, por pessoa, principalmente associado ao uso do automóvel, mas também à produção de electricidade".

Em terceiro lugar, Francisco Ferreira destacou a economia circular, apontando que Portugal usa "muitos recursos desnecessariamente", e que os portugueses substituem muito os equipamentos, fazem "demasiadas" compras, desde vestuário aos electrodomésticos, com muitos destes materiais a terem um fim num aterro.

Defendeu, por isso, que é preciso uma mudança de paradigma e de mentalidade "muito profunda".

"Devemos substituir o querer mais para darmos lugar a palavras como a qualidade de vida, a suficiência e, acima de tudo, o conseguirmos viver de uma forma sustentável e feliz em harmonia com aquilo que o planeta nos é capaz de dar", sublinhou Francisco Ferreira.

O presidente da Zero aproveitou ainda para alertar que, a manter-se este nível de consumo dos recursos, a partir de segunda-feira, os portugueses viveriam de "depósitos a prazo", ou seja, usando recursos que não deveriam ser tocados porque o planeta não tem capacidade de os regenerar.

A pegada ecológica média de cada português, que relaciona o consumo de recursos naturais e a capacidade de resposta da natureza, aumentou 73% entre 1961 e 2013, ocupando Portugal o 9.º lugar entre os países mediterrânicos.

Segundo uma análise divulgada hoje pela Zero, com base em dados da organização Global Footprint Network, se todos os países tivessem a mesma pegada ecológica que Portugal, "seriam necessários 2,3 planetas" para responder ao consumo.

O défice ecológico do país aumentou continuamente até ao início dos anos 2000, registou uma redução a partir desde 2006 e "deve-se tanto a um elevado grau de dependência dos recursos e da biocapacidade do exterior como à utilização excessiva dos recursos locais", resume a associação liderada por Francisco Ferreira.

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  • otário cá da quinta
    05 jun, 2017 coimbra 15:49
    Não anda mal tratado e se olharem bem não trás calos nas mãos. Mas nestas coisas há muitos macacos de imitação e este até parece ser irmão daquele que teve a lata de dizer que nós , portugueses, somos bons em GAJAS E COPOS. Pelo menos somos MACHOS. Este sr. Ferreira é muito poupadinho e faz-me lembrar aqueles MELROS, que em anos de seca vêm apregoar para que o Zé não gaste água e logo sobem o custo da eletricidade, mas contudo em casa deles é um fartar com milhares de litros de água só nas piscinas. O que este mer merecia era um balde de ... pela cabeça abaixo. EU FICO PREPLEXO COM O DESPLANTE DESTES GAJOS!
  • Teresa
    05 jun, 2017 Lisboa 12:56
    O senhor Francisco #Ferreira é candidato a quê, mesmo? Independentemente de achar que todos devemos ter um cuidado com a forma como utilizamos os recursos do planeta, não consigo perceber, a partir das várias notícias que vi acerca do assunto, em que que é que este senhor se baseia para dizer que nós, portugueses, somos piores do que os outros. As minhas dúvidas prendem-se com: 1. A utilização de ar condicionado por família no nosso país tem alguma similaridade com a dos restantes países europeus, nomeadamente os mais frios, particularmente os nórdicos? O ar condicionado não é um dos problemas? 2. Compramos mais roupas e mais carros, percentualmente, que no resto da Europa ou em qualquer país do Ocidente? 3. Na maioria das cidades portuguesas, pequenas ou grandes, os cidadãos fazem reciclagem do lixo, ao contrário de muitos outros países, como a Grã-Bretanha, em que essa reciclagem é feita por quem quer que seja que trata do lixo. Assim, pergunto, se por cá são os cidadãos que têm a responsabilidade de fazer a primeira parte da reciclagem, isso quer dizer que são mais irresponsáveis do que os outros? 4. Em países como a China e o Japão a poluição, de tempos a tempos, é de tal forma grande nas cidades que toda a gente tem que andar com uma máscara à frente da cara, coisa que nunca aconteceu em nenhuma das nossas cidades. Isso quer dizer que nós é que poluímos mais e os outros é que levam com a nossa poluição, lá na Ásia? 5. Comparativamente a muitos outros países, nomeadamente africanos e asiáticos o nosso parque automóvel não se encontra degradado, pelo que a grande maioria dos veículos em circulação são o menos poluentes que é possível. Então porque referir Portugal relativamente a este assunto como grande contribuidor para a poluição? 6 - O consumo de carne per capita, em Portugal, é superior percentualmente ao que comem os americanos, australianos e muitos países da Europa? Sério? Permitam-me duvidar das conclusões a que este senhor chegou. Esta #coisa não faz sentido nenhum e se não faz sentido é porque trás #águanobico
  • Alexandre Fernandes
    05 jun, 2017 Sierre 12:38
    Este estudo e este senhor,com todo o respeito e credibilidade que merecem,devem viver outra realidade...portugal e um pais de consumo,mas em comparação com outros nem nada...exemplo- reparar um automovel,em portugal recopera-se o velho e compoen-se enquanto no resto da europa excepto raros casos é um peça nova...e muitos mais exemplos podia dar... A.Fernandes

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