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​Agressões em Ponte de Sor

Rúben Cavaco "considera-se reparado do ponto de vista indemnizatório e moral"

13 jan, 2017 - 19:21

A família do jovem agredido em Ponte de Sor e o embaixador do Iraque em Lisboa chegaram a um acordo extrajudicial.

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A família de Rúben Cavaco, o jovem agredido em Ponte de Sor, compromete-se a não tomar qualquer iniciativa processual contra os filhos do embaixador do Iraque depois do acordo extrajudicial anunciado esta sexta-feira.

A família do jovem agredido em Ponte de Sor e o embaixador do Iraque em Lisboa chegaram a um acordo extrajudicial relativamente ao caso que envolveu os filhos gémeos do diplomata iraquiano, disse à agência Lusa o advogado da vítima.

Segundo Santana Maia Leonardo, o acordo extrajudicial foi celebrado hoje e com este desfecho "o caso fica encerrado" para a família do jovem Rúben Cavaco.

"A vítima considera-se reparada do ponto de vista indemnizatório e moral", acrescentou o advogado, sem, contudo, revelar o valor pago ao abrigo deste acordo extrajudicial assinado por ambas as partes.

A família de Rúben Cavaco compromete-se a não tomar qualquer iniciativa processual contra os filhos do embaixador do Iraque.

Apesar de não revelar a verba financeira envolvida no acordo, Santana Maia Leonardo sublinhou que se trata de um "valor justo", tendo em conta que Rúben Cavaco vai recuperar a 100% e não ficará com "sequelas físicas" da agressão perpetrada pelos filhos do embaixador iraquiano.

O advogado da família do jovem de Ponte de Sor (distrito de Portalegre) congratulou-se com este desfecho, tendo em consideração que a agressão acabou por não ter um fim "trágico" e que foi possível obter o entendimento entre "pessoas inteligentes".

A propósito da agressão ao jovem de Ponte de Sor, Santana Maia Leonardo esclareceu que a família de Rúben Cavaco não chegou a apresentar queixa, tendo a ação sido avançada pelo Ministério Público porque se trata de um crime público que não depende de queixa particular.

A agressão aconteceu a 17 de agosto de 2016, quando Rúben Cavaco foi espancado em Ponte de Sor, no distrito de Portalegre, pelos filhos do embaixador do Iraque em Portugal, gémeos de 17 anos.

O jovem sofreu múltiplas fracturas, tendo sido transferido no mesmo dia do centro de saúde local para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e chegou mesmo a estar em coma induzido. Acabou por ter alta hospitalar no início de Setembro.

Os dois filhos do embaixador têm imunidade diplomática, ao abrigo da Convenção de Viena, e o Governo português pediu ao Iraque, por duas vezes, o levantamento desta imunidade, para que os jovens pudessem ser ouvidos em interrogatório e na qualidade de arguidos sobre o caso das agressões.

Em ambas as vezes, as autoridades iraquianas "suscitaram questões jurídicas".

Na última resposta enviada ao Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), divulgada a 6 de Janeiro deste ano, as autoridades iraquianas pediram mais informações acerca da "factualidade e sobre as condições de interrogatório de outras testemunhas".

Nesse dia, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse que o Governo português tinha dado por terminadas as comunicações com as autoridades do Iraque sobre o caso e que o executivo iria tomar uma decisão até ao final desta semana.

Ainda nesse dia, a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou ter recebido um pedido do MNE para que facultasse elementos adicionais que permitissem ao Governo iraquiano deliberar sobre a agressão ao jovem.

Segundo a PGR, a documentação recebida na ocasião seria remetida ao inquérito, para que, nesse âmbito (da investigação), fosse objeto de apreciação pelo Ministério Público.

Comentários
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  • Na mesma como a lesma
    14 jan, 2017 Palmela 10:08
    Foi melhor assim porque se estivessem à espera dos politicos bem que ficava tudo na mesma como a lesma...
  • Carlos
    14 jan, 2017 Vermoim 09:13
    Vergonha. Quem paga ao estado os custos hospitalares e demais. Se foi indemnizado este dinheiro deve ser para o estado. Este embaixador deve ser expulso do país, bem como cortar relações com o Iraque.
  • Antonio
    14 jan, 2017 Mirandela 08:43
    A Mãe do Ruben criticou várias vezes o Governo por não estar a agir de acordo com os seus desejos, nem a fazer justiça. Agora deve estar a lamentar-se por não ter tido GÊMEOS e serem espancados pelos mesmos espancadores.........SEMPRE A INDEMNIZAÇÃO ERA A DOBRAR. E o Ruben, segundo diz o Advogado e a Família vai ficar bom (não disseram quando). É a vida.
  • pinguim
    14 jan, 2017 lisboa 08:39
    nao sei realmente o que se passou, mas fiquei com a impressao que o advogado era mau. já percebemos que se o reuben cavaco quer justiça terá que a fazer pelas próprias maos. Mas se aceitou o dinheiro considera-se ressercido... quando tiveram gasto o dinheiro vao ficar a pensar que deviam ter feito o que era correto que era levar isto até às ultimas consequências.
  • Diogo
    14 jan, 2017 Fátima 07:59
    Quem é que morreu a 2016 anos? É interessante este indivíduo ter morrido no mesmo ano em que Jesus nasceu
  • MANUEL DA COSTA
    14 jan, 2017 s 03:33
    QUANDO UM PAÍS PERDE A DIGNIDADE, E SE DEIXA VENDER! Um desfecho muito conveniente para todas as partes, incluindo a inaptidão do Ministro dos Negócios Estrangeiros e Ministro da Justiça. Portugal perde a sua dignidade a troco de dinheiro, que entrará nos bolsos de "alguns". MUITO IMPORTANTE: FALTA INFORMAR OS CONTRIBUINTES PORTUGUESES, SE TAMBÉM FORAM PAGAS PELO EMBAIXADOR TODAS AS DESPESAS HOSPITALARES, MÉDICAS E FARMACÊUTICAS.
  • David
    14 jan, 2017 Lisboa 02:40
    A mensagem q se passa é que havendo dinheiro tudo se pode fazer
  • Manuel Lopes
    14 jan, 2017 Lisboa 01:29
    @Mara Fascismo nunca mais...devia ter vergonha! Graças a mui valentes homens, a senhora pode escrever as maiores barbaridades!
  • jose guimarães
    14 jan, 2017 lisboa 00:43
    Tudo bem. Que o dinheiro compre a familia, nem concordo muito, mas.... a necessidade define a acção, e o advogado daqui sai com uma vitória fraca a cobrar o seu. E aí,... tudo mal. Um ADVOGADO DEVE PROCURAR A JUSTIÇA. Agora que o crime caia assim,... isso não. O crime existiu e o ministerio publico terá de actuar. Num crime não há acordos. Há justiça.
  • Kika
    14 jan, 2017 00:41
    Mais um vez fica demonstrado que quem tem dinheiro pode tudo ... quanto à família do jovem lamento que o lhes acenarem com dinheiro valha mais do que verem os agressores do filho castigados por quase o terem assassinado ... "o dinheiro vale muito quando as pessoas se vendem por pouco"

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