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​Afinal, Ciências e Matemática não deixam mal estudantes portugueses

29 nov, 2016 - 11:47

Estudo internacional revela que quer os alunos do 4º ano, quer os alunos do 12º estão entre os melhores dos países analisados.

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O desempenho dos alunos portugueses do 12.º ano a Matemática A é o 5.º melhor num grupo de 10 países analisados num estudo internacional, e o 4.º melhor na disciplina de Física entre nove países.

De acordo com os resultados no “Trends in International Mathematics and Science Study (TIMSS) Advanced 2015”, cujos resultados foram divulgados esta terça-feira pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), Portugal ficou apenas a três pontos do 3.º melhor classificado, os Estados Unidos.

O TIMSS, que avalia os desempenhos dos alunos com base nos resultados em provas desenhadas especificamente para o estudo, segue a mesma escala de classificação usada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) nos testes PISA: varia entre zero e mil pontos, sendo que os 500 pontos são considerados a média de referência.

Portugal, que participou pela primeira vez em 2015 no TIMSS Advanced - destinado a avaliar os alunos do último ano do ensino secundário - conseguiu uma pontuação média de 482 pontos, 18 pontos abaixo dos 500 que representam o centro da escala, abaixo da Federação Russa e dos Estados Unidos, classificados imediatamente acima com 485 pontos.

Em 2.º lugar ficou o Líbano, com 532 pontos, e no topo um sub-grupo de alunos da Federação Russa que frequenta um programa intensivo de Matemática, de pelo menos seis horas de matemática semanais no currículo, e que conseguiu uma pontuação de 540.

Abaixo de Portugal ficaram França (463), Eslovénia (460), Noruega (459), Suécia (431) e Itália (422).

A Física a comparação passa a ser entre nove países, uma vez que desaparece o sub-grupo da Federação Russa existente a Matemática, e Portugal consegue o 4.º lugar, com 467 pontos (33 abaixo dos 500 pontos de referência), atrás da Noruega (507), Federação Russa (508) e Eslovénia (531).

Com classificações inferiores à portuguesa ficaram a Suécia (455), EUA (437), Líbano (410), Itália (374) e França (373).

Portugueses melhor a álgebra e pior a cálculo e geometria

Por conteúdos avaliados, os alunos portugueses que fizeram a prova de Matemática saíram-se melhor nos itens de álgebra, e pior no cálculo e na geometria. Na prova de Física os portugueses foram mais fortes nos itens de Mecânica e Termodinâmica, tendo piores resultados em Electricidade e Magnetismo e Fenómenos Ondulatórios e Física Atómica e Nuclear.

Do ponto de vista da análise de resultados por região, a melhor e a pior região a Matemática A são, respectivamente, o Alentejo Central e o Alto Alentejo, com pontuações médias de 512 pontos e 433 pontos.

Mas numa análise mais fina, que analisa os resultados por percentis em cada uma das regiões, é possível perceber, no entanto, que os alunos que conseguiram a pontuação mais elevada na prova de Matemática, alcançando os 641 pontos, residem na Região Autónoma dos Açores.

A Física os melhores resultados regionais médios encontram-se no litoral continental norte e centro, e na Região Autónoma dos Açores. Volta a ser no Açores que se encontram os alunos com resultados mais elevado, com uma pontuação de 681, muito acima dos 467 pontos da média nacional.

As escolas privadas conseguem pontuações médias mais elevadas do que as públicas quer a Matemática A, quer a Física.

O TIMSS Advanced é um estudo internacional que avalia o desempenho dos alunos do último ano do ensino secundário (12.º ano no caso português) a Matemática Avançada e Física, que teve em 2015 a sua 3.ª edição, e a primeira em que Portugal participou.

No TIMSS Advanced 2015 participaram, com base num processo de amostragem aleatória, 56 mil estudantes - 32 mil em Matemática Avançada e 24 mil em Física - entre os quais 5.851 portugueses - 4.068 na prova de Matemática A e 1.783 na prova de Física.

Participaram 221 escolas a Matemática e 149 a Física.

Alunos do 4º ano melhores em Matemática do que há 20 anos…

Já os alunos do 4º ano melhoraram os conhecimentos a Matemática mas pioraram a Ciências.

No ano passado, 4.693 alunos que frequentavam o 4º ano de escolaridade em 217 escolas portuguesas participaram no TIMSS 2015, criado para avaliar a literacia a Matemática e a Ciências e que celebrou 20 anos de existência.

No total, o TIMSS 2015 analisou o desempenho de mais de 300 mil alunos de 56 países e regiões e os portugueses ficaram em 13.º lugar a Matemática e em 32.º lugar a Ciências.

Os alunos portugueses têm vindo a melhorar a Matemática, quando se comparam os últimos resultados com os obtidos nas outras duas edições em que participaram (logo na primeira, em 1995, e na penúltima, em 2011).

Para avaliar os conhecimentos, o estudo apresenta uma escala que varia entre zero e mil pontos, sendo 500 considerado o desempenho médio dos participantes.

Assim, o desempenho dos alunos é considerado baixo quando um país consegue uma pontuação entre os 400 e os 474 pontos, é considerado intermédio quando fica entre os 475 e os 549 pontos, pode chegar a elevado (550 a 624 pontos) ou mesmo atingir o desempenho avançado (625 pontos ou mais).

Este ano, Portugal obteve 541 pontos a Matemática, registando um aumento de nove pontos em relação aos resultados de 2011, o que lhe permitiu subir dois lugares no ranking e ocupar o 13.º lugar.

Os alunos portugueses surgem assim ao lado dos ingleses, belgas, norte-americanos, dinamarqueses ou lituanos, já que todos conseguiram 40 pontos acima do desempenho médio a matemática.

…mas piores a Ciências

Já a Ciências, a situação inverteu-se, com os alunos a baixar a média nacional: Portugal obteve 508 pontos, descendo 14 pontos em relação a 2011 e mais de dez lugares no ranking, passando a ocupar a 32.ª posição (em 2011 ocupava a 19.º lugar).

São os alunos do litoral norte e centro que apresentam os melhores resultados às duas disciplinas, com destaque para Leiria, onde os estudantes conseguiram 576 pontos a matemática e 531 a ciências.

Já os alunos da região do Tâmega e Sousa foram os que obtiveram piores resultados (500 pontos a matemática e 477 a ciências).

Comparando os resultados obtidos nas 198 escolas públicas e nas 19 privadas, as melhores notas são de alunos do ensino privado tanto a matemática (588 versus 536 pontos) como a ciências (542 versus 504).

Seguindo a tendência internacional, os rapazes obtiveram melhores resultados do que as raparigas (mais onze pontos a matemática e sete a ciências).

A avaliação em Matemática foca-se nos conteúdos dos "Números", "Formas Geométricas e Medidas" e "Apresentação de dados" enquanto a ciências, o estudo procura perceber os conhecimentos dos mais pequenos em áreas como as "Ciências da Vida", "Ciências Físicas" e "Ciências da Terra".

No TIMSS 2015, os alunos com melhores desempenhos voltaram a ser os asiáticos de Singapura, Hong Kong, República da Coreia, Japão e Taipé Chinês.

Esta é a 6.ª edição do TIMSS, sendo que Portugal foi um dos 25 países europeus que integrou a primeira edição em 1995.

Na altura participaram 46 países, e Portugal ficou "colocado na cauda da Europa", recorda o presidente do IAVE, Helder Sousa, no relatório divulgado esta terça-feira.

Se em 1995, Portugal ficou abaixo da média - Matemática com 475 pontos e Ciências com 480 pontos - em 2011 registou uma melhoria significativa, conseguindo um 15.º lugar a Matemática (532 pontos) e 19º lugar a Ciências (522 pontos), num ano em que participaram 63 países.

Vinte anos depois da sua estreia, Portugal volta agora a participar no estudo e verifica-se "uma evolução globalmente positiva" do desempenho dos alunos do 4.º ano a Matemática e Ciências, acrescenta Helder Sousa.

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