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Reitores sobre as praxes: Só acabam "quando os estudantes perceberem que não fazem sentido"

06 set, 2016 - 21:27

Para o presidente do CRUP, o fundamental é "garantir que nenhum estudante é obrigado a fazer aquilo que não quer".

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O presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) está "genericamente de acordo" com a posição do ministro do Ensino Superior, contra as praxes e defende que os "comportamentos inadequados" só terão fim "quando os estudantes perceberem que não fazem sentido".

"Penso que não há justificação possível, seja em nome da integração, seja em nome de qualquer outra coisa, para actos de humilhação e de prepotência de estudantes sobre outros. É algo que não faz sentido na nossa universidade", diz António Cunha.

Para o também reitor da Universidade do Minho, o fundamental é "garantir que nenhum estudante é obrigado a fazer aquilo que não quer", e que a universidade aja em conformidade sempre que os limites sejam ultrapassados.

António Cunha afirmou ter um "grande alinhamento com a posição do ministro" Manuel Heitor, que escreveu a todos os reitores de universidades, presidentes de politécnicos, dirigentes estudantis e dirigentes de unidades de investigação - tal como tinha prometido fazer, na última audição parlamentar antes da paragem dos deputados para férias -, pedindo a colaboração de instituições e estudantes para que "a humilhação não seja uma tradição académica".

Perante os deputados, o ministro chegou mesmo a classificar as praxes académicas como "uma prática fascizante", e recordou na carta recentemente enviada que "o ingresso no ensino superior tem sido sistematicamente marcado por práticas contrárias aos ideais de liberdade, crítica e emancipação dos jovens".

"As manifestações de abuso, humilhação e subserviência a que assistimos na praxe académica, sejam no espaço público ou dentro das instituições, afectam a credibilidade do ensino superior e conflituam com a missão e o propósito daqueles que o frequentam. A eventual valorização de 'tradições académicas', mesmo quando existentes, não pode legitimar que se humilhe e desvalorize a auto-estima dos mais novos. Neste contexto, não posso aceitar mais uma vez o ciclo repetitivo de imagens degradantes que nos envergonham", lê-se na missiva, tornada pública pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, numa carta aberta publicada pelo semanário "Expresso".

O ministro apela a que estas práticas sejam "combatidas por todos", mas, "muito especialmente, por todos os responsáveis estudantis".

Pelo lado dos reitores, António Cunha referiu que a universidade não reconhece "grupos ad hoc" de estudantes, não integrados nos estatutos e regulamentos das instituições, como as comissões de praxe.

O ministro apelou a alternativas de acolhimento, que incluam a cultura e a ciência, tendo autorizado a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) a apoiar financeiramente acções para os novos estudantes, desenvolvidas por unidades de investigação em parceria com as associações de estudantes, num limite de custos de até 5% dos seus orçamentos plurianuais.

"O acolhimento dos novos estudantes no contexto das unidades de investigação alarga o seu conhecimento sobre a instituição, potencia os momentos de partilha com outros estudantes e investigadores, estimula o sentido de curiosidade científica e promove um maior entrosamento futuro com os objectivos de aprender, apreender e empreender", refere o documento.

Também os politécnicos se declaram em sintonia com a posição de Manuel Heitor, e com as preocupações manifestadas na carta, mas o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) lembra que as actividades sugeridas pela tutela são já prática corrente nas instituições.

Ainda assim, os politécnicos afirmam que "registam o pedido" do ministro e que "a este propósito e irão, dentro da sua autonomia, reforçar as acções que contribuam para uma melhor integração dos novos estudantes nas instituições".

Comentários
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  • cura radical
    07 set, 2016 Santarém 17:34
    Vejo por aqui alguns praxistas na defesa da praxe, é normal como é normal de que no fim de alcoolizados e sob o efeito de várias drogas uns abusem do Poder exercido pela mesma e outros se subjuguem ao ponto de até acharem engraçado tal humilhação que os leva por vezes a cometerem erros irreparáveis como infelizmente já aconteceu onde todos quanto a mim são culpados embora uns mais do que outros, se houver cá de fora um anti praxista disposto também ele a levar a sua ação ao máximo das consequências eu quero ver depois se estes meninos tipo chupeta na boca também estarão de acordo.
  • AM
    07 set, 2016 15:31
    Pois, queridas da Renascença, giras e geitosas. Borrachinhos cheirosos. Ou seja, publicaram o meu sério comentário. Obrigado amores...lindas. Só disse a verdade, acerca da noticia e a minha opinião sobre a noticia. Pois, acerca da noticia, porque o resto, não ponho no fogo os meus, por elas... É meu e só tenho estes.
  • AM
    07 set, 2016 14:54
    Isso é conversa lavada. Dentro do recinto a responsabilidade dessas coisas deve ser vigiada. Mas todos os da casa, comem á mesma mesa. Quando estive no ISEL, os da casa, começaram a levar nas lonas dos caloiros, e de noite, a Policia tinha patrulha cá fora... Pois!
  • Isa
    07 set, 2016 Moita 14:04
    Enquanto houver estudantes"ignorantes" à frente das tais comissões de praxes que fazem tudo menos acolhimento aos novos alunos, mas sim humilhar esses novos alunos e usarem do seu poder para fazerem o que querem. Quem está contra eles e as ditas praxes que fazem,, são postos de parte.
  • Manuel
    07 set, 2016 LX 11:02
    A existência continuada das praxes só mostra o baixo nível intelectual de todos os intervenientes. São uma crianças ainda a brincarem com farinha e a fazerem umas totozadas sem nexo... mas são felizes. De vez em quando corre mal, mas que diabo estamos num país livre e as autoridades também pouco querem fazer. Dúvidas?
  • Miguel Santos
    07 set, 2016 Sintra 03:12
    Alguém me pode dar a definição de praxe? No ano transacto fui caloiro na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e fui a todas as praxes que podia e só tenho pena de não terem havido mais praxes, senão ia. Creio que se está a fazer grandes erros como por exemplo, tomar "a praxe" como um todo, porque, a minha praxe, por exemplo, foi diferente da praxe de outros cursos da Universidade e da própria faculdade. A primeira regra da praxe é "Ninguém te pode fazer nada que não queiras, nem te obrigarem a fazê-lo", e se te desrespeitam a integridade existe o Conselho de Veteranos que, a quem podes apresentar queixa e averiguam o caso. Lembro-me de numa praxe não estae no mood certo e não querer gritar algo, nada me aconteceu, porque houve cumprimento do código da Praxe. Foi na Praxe que conheci grande parte dos meus amigos e do pessoal do curso, a praxe acelerou esse processo, que devido a mudanças no plano anual, essa aproximação seria morosa e dentro do próprio curso não haveria tanta ligação. A praxe também é fulcral no processo académico, visto que, ajuda na escolha do teu padrinho/madrinha, talvez as pessoas mais importantes no teu trajeto académico. E outra coisa a ter em conta é que a Praxe visa a integração e não a humilhação. Saudações praxistas a todos
  • joao
    07 set, 2016 leiria 02:01
    Os estudantes são maiores de idade. E só vai à praxe quem quer.ninguém é obrigado. É muito intetessante que apenas outsiders e reitores falam no assunto. Os estudantes não querem saber. Se não lhes faz diferença colocar farinha na cabeça qual é o drama. Criamos uma sociedade sem escolha. Em que é necessário proteger adultos como crianças. Se houve um acidente numa praia com estudantes. Vão dizer que os mataram? Quantas pessoas já morreram este ano em praias no verão?
  • Zezao
    07 set, 2016 Olhao 02:00
    Que granda treta. Há praxes e praxes. E depois ainda há os caloiros que querem participar, a praxes de mais baixo nivel são as mais comunicadas pela comunicação social. E outra coisa, não gostas ? Não participes, ninguem é obrigado!! Outro problema é que hoje com tanta modernice entra muito pessoal com mentalidade de criança.. De qualquer das maneiras há praxes que não deviam existir... Mas isso é como tudo, há incendios principalmente com fogo posto, culpam-se e multam-se os proprietários, deixas-te o carro aberto á porta de casa durante 1 minuto, a culpa do assalto é tua etc...
  • Filipe
    07 set, 2016 Castelo Branco 01:39
    José Santos, depende... Se você disser para eu subir a uma ribanceira e eu me deitar dali abaixo porque a sua palavra e mandamento e eu morrer, você vai entregar-se como assassino à policia? Espero que sim, eu é que por minha iniciativa me quis deitar dali abaixo mas você é que me mandou o fazer! (percebeu a dica ou precisa que se faça um filme a explicar?)
  • Maria Salvaterra
    07 set, 2016 coimbra 01:15
    Os reitores nã valem nada! São uns Sadicos que adoram estas brincadeiras Sadicas! Ate alinham nelas! Reitores tem as associaçoes como defesa! pois Isto é uma ordem pegada! Todos Toleram e protegem-se! O Reitor que não tem mão, nos seus!!! não vale o posto que o tem!!!! Fora com eles! ... ... ... O Reitor que não tem mão, nos seus!!! não vale o posto que o tem!!!! ... O Reitor que não tem mão, nos seus!!! não vale o posto que o tem!!!! ... O Reitor que não tem mão, nos seus!!! não vale o posto que o tem!!!! ... O Reitor que não tem mão, nos seus!!! não vale o posto que o tem!!!! ... O Reitor que não tem mão, nos seus!!! não vale o posto que o tem!!!!

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