10 jan, 2025 - 16:17 • Pedro Mesquita , Miguel Marques Ribeiro com Lusa
O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, tomou esta sexta-feira posse para um terceiro mandato, apesar de a oposição reivindicar vitória nas eleições presidenciais de julho e após protestos no país sul-americano e no estrangeiro contra a repressão exercida pelo seu governo.
No longo discurso que se seguiu, perante a Assembleia Nacional (parlamento) controlada pelo partido no poder, Maduro não esqueceu uma referência àqueles que apelidou de traidores à pátria que - diz - atacam a Venezuela a partir do exterior.
Não fui colocado como presidente pelo Governo dos Estados Unidos nem pelos governos pró-imperialistas da direita latino-americana
"Aos traidores e traidoras à pátria que gostam de fazer coro e para aqueles que atacam a Venezuela desde o exterior, eu digo: esta Constituição está vitoriosa e a Venezuela está em paz. Este ato é possível porque a Venezuela está em paz, no pleno exercício da sua soberania nacional e da sua independência nacional".
O líder venezuelano criticou ainda a administração americana, que reconheceu o líder da oposição, Edmundo González Urrútua, como legítimo vencedor das últimas eleições: "Não fui colocado como presidente pelo Governo dos Estados Unidos nem pelos governos pró-imperialistas da direita latino-americana."
Ao tomar posse para um novo mandato de seis anos, o herdeiro de Hugo Chávez, declarou que a sua indigitação constitui "uma grande vitória para a democracia", rejeitando as acusações de fraude feitas pela oposição.
"Digam o que quiserem, façam o que fizerem, mas esta posse constitucional não conseguiu ser impedida e é uma grande vitória para a democracia venezuelana", afirmou, negando que tenha havido qualquer irregularidade com o processo eleitoral.
Ao contrário do que havia prometido, o opositor Edmundo González Urrútua - auto-proclamado presidente - não foi avistado nas proximidades do Parlamento, onde decorreu a cerimónia da tomada de posse. Não se sabe, sequer, se conseguiu regressar à Venezuela, como tinha prometido. esse é um dado que a Renascença não conseguiu confirmar, apesar das tentativas junto de círculos próximos de Edmundo González Urrútia.
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A resposta da oposição chegou através de um comunicado. A Plataforma Unitária Democrática (PUD), que reúne os principais partidos opositores venezuelanos, acusou Nicolás Maduro de consumar um "golpe de Estado" ao ter prestado juramento como Presidente da Venezuela para os próximos seis anos.
"Com a usurpação do poder de Nicolás Maduro da Presidência da República, apoiada pela força bruta e ignorando a soberania popular expressada de forma contundente em 28 de julho, consumou-se um golpe de Estado contra os direitos do povo venezuelano", defendeu a PUD, momentos depois de Maduro ter tomado posse para um terceiro mandato consecutivo.
A plataforma da oposição recorda que no dia 28 de julho de 2024 pelo menos 7.443.584 venezuelanos "disseram alto e em bom som" que Edmundo González Urrutia é quem deve tomar posse como presidente "para conduzir os destinos do país durante os próximos seis anos, em conformidade com a Constituição da Venezuela".
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Na mesma nota é referido que "a PUD, o povo venezuelano comprometido com a democracia, os diferentes setores que compõem a sociedade civil", assim como "a comunidade internacional que tem sido um aliado desta causa", vão iniciar uma nova etapa da luta "pela liberdade da Venezuela em todo o território nacional e em todos os setores que compõem" a nação venezuelana.
A cerimónia ocorreu um dia depois da principal líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, ter anunciado ter sido brevemente detida pelas forças de segurança do Estado, acusação negada pelo governo.
[Notícia atualizada às 17h35 com declarações de Nicolás Maduro e comunicado da Plataforma Unitária Democrática (PUD), da oposição]