07 jan, 2025 - 09:36 • André Rodrigues
A oposição no Reino Unido exige a abertura de um inquérito nacional à atuação do primeiro-ministro no caso em que foi denunciada uma onda de violações contra 1.400 crianças.
Os crimes terão ocorrido entre 1997 e 2013 e, na maior parte, terão sido perpetrados por homens de origem paquistanesa.
O caso foi denunciado em 2020 por Jayne Senior, responsável por um projeto de apoio a crianças e mulheres jovens em risco de exploração sexual, que chegou a pedir uma reunião a Keir Starmer, quando este era líder da oposição.
O encontro nunca chegou a realizar-se, razão que levou Jayne Senior a acusar o agora primeiro-ministro de ter ignorado o caso.
Na reação, o Partido Conservador pediu a abertura de uma investigação exaustiva para apurar a verdade. Através de uma publicação na rede social X, o líder conservador, Kemi Badenoch, defende que “2025 deve ser o ano em que as vítimas começarão a ter justiça”.
Também durante o fim de semana, Robert Jenrick, antigo ministro da Imigração do governo de Rishi Sunak, denunciou o que classificou como aplicação seletiva da lei, acusando o Reino Unido de legalizar e encobrir durante décadas crimes de violação praticados por homens predominantemente britânicos-paquistaneses, para evitar a desordem pública.
Também o multimilionário Elon Musk, detentor da rede social X, fez uma série de publicações sugerindo que o primeiro-ministro britânico deve demitir-se e enfrentar as acusações de cumplicidade no que classifica como o “pior crime em massa da história do Reino Unido”.
As acusações foram, entretanto, rejeitadas pelo Executivo britânico e pelo próprio Keir Starmer, que acusa Elon Musk de “promover a desinformação”.
Numa conferência de imprensa realizada esta segunda-feira, o chefe do governo de Londres lembra que, no tempo em que desempenhou funções como DPP - o correspondente em Portugal do cargo de Procurador-Geral da República - instaurou a primeira ação penal contra um gangue asiático de aliciamento em Rochdale e apelou à notificação obrigatória de casos de abuso sexual de crianças.
Foi, também, durante o período em que assumiu o organismo britânico correspondente ao Ministério Público que foi introduzida a figura do procurador especial para o abuso e exploração sexual de crianças, bem como uma alteração das orientações para encorajar a polícia a investigar suspeitos em casos complexos de abuso sexual. Foram, ainda, adotadas reformas nos tribunais com o objetivo de tornar o processo menos traumático para as vítimas.
[notícia atualizada às 11h40 de 7 de janeiro de 2025]