30 nov, 2024 - 23:30 • Lusa
Confrontos entre polícia e manifestantes pró-europeus eclodiram esta noite na capital georgiana na terceira noite consecutiva de protestos contra a decisão do Governo de adiar as discussões para a adesão do país à UE até 2028.
Polícias com equipamento anti-motim dispararam balas de borracha, gás lacrimogénio e usaram canhões de água para dispersar os manifestantes que lançavam fogos de artifício, segundo um jornalista da AFP no local.
A Presidente pró-europeia da Geórgia, Salome Zurabishvili, anunciou hoje que não renunciará ao seu mandato, que termina este ano, até que novas eleições legislativas sejam organizadas no país em plena crise política.
"Enquanto não houver novas eleições e um Parlamento que eleja um novo presidente de acordo com novas regras, o meu mandato continuará", declarou Zurabishvili numa entrevista exclusiva à AFP.
A Geórgia está dividida desde que o partido no poder, o pró-russo Sonho Georgiano, declarou vitória nas legislativas de 26 de outubro, enquanto os partidos da oposição pró-UE afirmaram que estas foram marcadas por irregularidades.
Os partidos pró-europeus estão a boicotar o novo parlamento e Zurabishvili procurou que os resultados das eleições fossem anulados pelo Tribunal Constitucional.
"Ninguém fora da Geórgia, entre os nossos parceiros democráticos, reconheceu as eleições", sublinhou a Presidente, que se apresenta como a "única instituição legítima no país".
O Parlamento recém-eleito, que Zurabishvili considera ilegítimo, anunciou que elegeria o próximo presidente em 14 de dezembro e que a sua posse para um mandato de cinco anos ocorreria em 29 de dezembro.
Na semana passada, o Sonho Georgiano nomeou Mikheil Kavelachvili, um ex-jogador de futebol que entrou na política pela extrema-direita, como seu candidato para este cargo.
De acordo com as alterações constitucionais impostas por esse partido em 2017, o presidente será pela primeira vez escolhido por um colégio eleitoral e não por voto popular.
Com o partido Sonho Georgiano a controlar o colégio eleitoral, a eleição de Kavelashvili é considerada um dado adquirido.