30 nov, 2024 - 17:47 • Lusa
Um ataque israelita a um jipe matou este sábado cinco pessoas, três das quais funcionárias da organização não-governamental (ONG) de ajuda alimentar World Central Kitchen (WCK), que já confirmou o ocorrido.
De acordo com a agência norte-americana Associated Press, o ataque aéreo foi relatado por um responsável de Saúde em Gaza, Muneer Alboursh, e um trabalhador humanitário adiantou que três dos mortos trabalhavam na ONG de ajuda alimentar.
A organização já confirmou, entretanto, o ataque, mas sem indicar o número de vítimas mortais entre os seus trabalhadores: "Estamos destroçados por partilhar que um veículo que transportava colegas da World Central Kitchen foi atingido por um ataque aéreo israelita em Gaza. Neste momento estamos a trabalhar com informação incompleta e estamos urgentemente à procura de mais detalhes", declarou, num comunicado publicado nas redes sociais.
Já a agência Efe, citando fontes locais envolvidas num comboio humanitário, afirma que entre os três funcionários mortos estava o responsável pelas cozinhas comunitárias da WCK no leste de Khan Yunis, um motorista e o responsável pela avaliação e monitorização.
A agência espanhola refere, com base numa testemunha no local, que o ataque ocorreu quando estava a ser efetuado um comboio de ajuda humanitária, atacado por assaltantes que tentaram apoderar-se da carga, um momento em que um camião foi alvo de um drone israelita.
Várias pessoas ter-se-ão aproximado procurando ajudar quando foi lançado um novo míssil, desta vez atingindo o jipe em que seguiam as cinco vítimas.
Por seu lado, o exército israelita confirmou apenas que um dos ocupantes trabalhava na WCK, descrevendo-o como "terrorista", já que, segundo Israel, "participou no massacre de 7 de outubro no 'kibbutz' Nir Oz", perto da Faixa de Gaza.
"O terrorista trabalhava para a organização WCK", pelo que Israel pediu à comunidade internacional e à administração da ONG uma investigação sobre a sua contratação.
Na mesma publicação divulgada hoje pela WCK nas suas redes sociais, a ONG declara que não tinha "qualquer conhecimento de que qualquer indivíduo naquele veículo tivesse alegadas ligações ao ataque de 7 de outubro [de 2023]", perpetrado pelo movimento islamita palestiniano Hamas.
Num comunicado anterior, o exército israelita tinha denunciado que o veículo não usava distintivos e que o seu movimento "não estava coordenado para o transporte de ajuda".
"A World Central Kitchen vai fazer uma pausa nas suas operações em Gaza. Os nossos corações estão com os nossos colegas e as suas famílias neste momento inimaginável", declarou a organização liderada pelo chefe espanhol-americano José Andrés.
Em abril, um ataque a um comboio humanitário da WCK matou sete trabalhadores - três britânicos, um polaco, um australiano, um canadiano-americano e um palestiniano -, tendo as autoridades israelitas admitido que o ataque foi um erro.
O ataque gerou um coro de reações internacionais e a suspensão de ajuda a Gaza durante um curto período de tempo por parte de várias ONG, incluindo a WCK.
Já em agosto, um trabalhador palestiniano da ONG foi morto por estilhaços de um ataque israelita, de acordo com a organização.