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Internacional

MI6 acusa Rússia de sabotagem na Europa

29 nov, 2024 - 16:09 • Lusa

As autoridades de segurança ocidentais suspeitam que os serviços secretos russos estão a tentar desestabilizar os aliados da Ucrânia através de desinformação e sabotagem.

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O chefe dos serviços secretos britânicos (MI6) acusou, esta sexta-feira, a Rússia de conduzir uma campanha de sabotagem imprudente contra os aliados da Ucrânia.

Richard Moore, afirmou que a agência britânica e a homóloga francesa estão coordenadas para evitar uma escalada perigosa, "calibrando o risco e informando os respetivos governos das decisões".

O Secret Intelligence Service, mais conhecido como MI-6 (Military Intelligence, Section 6) reúne informações no estrangeiro para defesa do Reino Unido.

"Recentemente, descobrimos uma campanha de sabotagem russa na Europa que é muito imprudente, ao mesmo tempo que Putin e os seus acólitos recorrem a uma guerra de 'sabres nucleares' para semear o medo sobre as consequências da ajuda à Ucrânia", afirmou Moore durante um discurso perante diplomatas e funcionários dos serviços secretos em França.

"Tal atividade e retórica são perigosas e irresponsáveis", afirmou.

Moore discursou ao lado de Nicolas Lerner, chefe da agência de inteligência externa da França, a DGSE, num evento que marcou os 120 anos da "Entente Cordiale", pacto entre a Grã-Bretanha e a França.

As autoridades de segurança ocidentais suspeitam que os serviços secretos russos estão a tentar desestabilizar os aliados da Ucrânia através de desinformação e sabotagem.

A Rússia tem sido acusada de vários ataques planeados na Europa, incluindo um alegado plano para incendiar empresas de propriedade ucraniana em Londres, e uso de dispositivos incendiários em pacotes expedidos em aviões de carga.

Em julho, um incendiou-se num centro de correio na Alemanha e outro num armazém em Inglaterra.

Lerner considerou que "a segurança coletiva de toda a Europa está em jogo" na Ucrânia.

O responsável disse que a experiência da Grã-Bretanha em lidar com a Rússia na sequência de ataques recentes, como o envenenamento com (agente nervoso de fabrico militar) "novichok" em Salisbury, em 2018, foi "inestimável" para os serviços de informações franceses que procuravam neutralizar ações russas.

A Grã-Bretanha e a França têm estado entre os aliados ucranianos mais dispostos a permitir que Kiev use as armas que fornecem - especialmente mísseis conhecidos como Scalp na França e Storm Shadow na Grã-Bretanha - para atingir alvos na Rússia.

Recentemente, a administração norte-americana abrandou a oposição de longa data sobre a utilização de mísseis fabricados nos Estados Unidos para atingir a Rússia.

A Ucrânia afirmou na semana passada ter utilizado os mísseis ATACM americanos para atingir a Rússia pela primeira vez desde a invasão.

Desde a semana passada, a Rússia tem bombardeado instalações de energia energéticas com centenas de mísseis e drones, no que Putin disse ser uma resposta ao disparo de mísseis norte-americanos contra solo russo.

A Rússia também disparou um novo míssil balístico de alcance intermédio, denominado Oreshnik, sendo que Putin ameaçou utilizar a arma contra os "centros de decisão" em Kiev, a capital ucraniana.

Num aviso aos aliados que vacilam no apoio à Ucrânia, Moore disse que "o custo de apoiar a Ucrânia é bem conhecido, mas o custo de não o fazer seria infinitamente mais elevado".

Segundo Moore, se a Rússia vencer, o Irão e a República Popular da China - que até agora apoiam Moscovo como "moeda de troca"- podem vir a aproximar-se definitivamente da Rússia.

"Se Putin for bem-sucedido, a China vai medir as implicações, a Coreia do Norte vai ser encorajada e o Irão vai tornar-se ainda mais perigoso", disse Moore.

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