14 nov, 2024 - 06:07 • José Carlos Silva , Carolina Paredes
Pelo menos sete pessoas morreram no primeiro dia da quarta fase de protestos convocados pelo candidato presidencial derrotado nas eleições moçambicanas Venâncio Mondlane, na zona norte do país, em Nampula.
Segundo a Organização Não-Governamental “Plataforma Eleitoral Decide", os incidentes afastaram-se de capital Maputo e alastraram-se para as províncias de Zambézia e de Nampula. Foram ainda detidas 17 pessoas por todo o país.
Estas manifestações, que deverão durar até esta sexta-feira, são uma resposta ao apelo de Venâncio Mondlane, o candidato presidencial derrotado nas eleições gerais de Moçambique que rejeita a derrota contra o candidato Daniel Chapo da FRELIMO, o partido que está no poder.
Já são 45 mortes confirmadas desde o início das manifestações no dia 21 de outubro.
Para Pedro Esteves, do "Africa Monitor", um site de análise de inteligência e dados de segurança sobre países africanos, Portugal e a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) deviam já ter desempenhado um papel mais ativo na resolução do conflito.
"A CPLP é sempre muito tímida nas reações, porventura para não criar decisões internas, mas acho que tem que tomar uma posição e tem eventualmente que assumir uma posição de alguma mediação entre as partes, de forma a que esta crise finalmente se resolva", afirma Pedro Esteves.
Como irá terminar o clima de tensão em Moçambique é a grande questão. Para Pedro Esteves do "Africa Monitor", há duas hipóteses. "Veremos se vamos ter negociações com vista à alteração dos resultados de forma a satisfazer os partidos do sistema, nomeadamente a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e a FRELIMO", afirma.
Por outro lado, Pedro Esteves diz que pode haver uma "repetição das eleições daqui a algum tempo e, até lá, termos um governo multipartidário, eventualmente negociado com não só o MDM e a Renamo, mas também com o Podemos". Sobre esta última hipóteses, Pedro Esteves considera que é um "cenário pouco provável" e que tudo depende do que "acontecer nos próximos dias, internamente".
O candidato derrotado Venâncio Mondlane mantém as acusações de fraude eleitoral e até dia 15 de novembro cumpre-se a quarta fase de protestos convocada por Mondlane. Morreram sete pessoas no primeiro dia desta nova fase de manifestações.