05 nov, 2024 - 18:11 • Catarina Santos com Reuters
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Natanyahu, anunciou esta tarde que demitiu o ministro Yoav Gallant, que tinha a pasta da defesa, justificando a decisão com uma "crise de confiança que se desenvolveu gradualmente" entre os dois e que "não permitiu a normal gestão da guerra".
Netanyahu acrescentou que procurou colmatar as "falhas" no entendimento com Gallant, mas que estas "continuaram a aumentar" e, "pior do que isso, chegaram ao conhecimento do inimigo", que poderia "beneficiar" dessa situação.
Gallant será substituído por Israel Katz, que detinha até agora a pasta dos Negócios Estrangeiros. Esse cargo será agora assumido por Gideon Sa'ar.
Na rede social X, Yaov Gallant afirmou que "a segurança do Estado de Israel foi e será sempre a missão" da sua vida.
ביטחון מדינת ישראל היה ותמיד יישאר משימת חיי 🇮🇱🇮🇱
— יואב גלנט - Yoav Gallant (@yoavgallant) November 5, 2024
Ao longo do último ano, Gallant e Netanyahu tiveram vários momentos de discordância acerca do rumo a dar à guerra contra o Hamas e contra o Hezbollah. O até agora ministro da Defesa, membro do Likud, defendeu frequentemente posições mais moderadas dentro do executivo, em matérias de segurança.
Pouco antes do início da guerra entre Israel e o Hamas, milhares de israelitas tinham-se manifestado nas ruas quando Netanyahu ameaçou demitir Gallant, por discordâncias na reforma do sistema de justiça que estava então em marcha — uma decisão que acabou por ser revertida.
Yair Golan, líder dos Democrats — novo partido de centro-esquerda israelita —, incitou entretanto os israelitas a sair novamente à rua em protesto contra a decisão, apelando à organização de "protestos massivos" e de uma greve geral.
Várias outras vozes, incluindo familiares de reféns, estão a reagir ao anúncio da demissão de Gallant com apreensão, afirmando que não sobrará agora nenhuma voz no governo que defenda a via de um acordo para libertação dos que ainda estão cativos em Gaza.
De acordo com o jornal israelita Haaretz, centenas de manifestantes estão já a encaminhar-se para a entrada de uma autoestrada em Telavive, numa tentativa de bloquear o trânsito. Em Jerusalém, de acordo com o mesmo jornal, a polícia está a impedir automóveis de se aproximarem da residência oficial do primeiro-ministro.
Já o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, elogia a ação do primeiro-ministro, afirmando que "tomou a decisão certa ao removê-lo" da pasta. "Congratulo o primeiro-ministro pela decisão de demitir Gallant. Com Gallant, que está profundamente preso aos seus próprios conceitos, é impossível alcançar a vitória total", afirmou o líder do partido de extrema-direita Otzma Yehudit, que apoia e integra o governo de Netanyahu.