04 nov, 2024 - 06:15 • João Cunha (enviado especial a Valência)
“Todos são vítimas, de uma maneira ou de outra." O arcebispo de Valência explica que os que faleceram, os seus familiares, quem viveu situações dramáticas, mas que se salvou, “ficando no seu interior uma marca do sofrimento”, assim como todos os que perderam bens materiais são vítimas das inundações que afetaram a comunidade valenciana.
“É uma quantidade imensa de sofrimento, de pessoas que estão a passar mal e que não podemos deixar sozinhas. Não podemos ser indiferentes a este sofrimento”, admite D. Enrique Benavent.
E para combater esse sofrimento e indiferença, assegura, a Igreja está, desde o primeiro momento, a ajudar os afetados.
“Tivemos um primeiro dia, emocionante, de uma eucaristia na Basílica da Virgem dos Desamparados”, adianta, à Renascença.
No segundo dia houve “um momento de oração perante a Virgem, rezando o rosário. Demos uma mensagem de esperança, tentando também que o acompanhamento das pessoas seja espiritual”.
Mas o apoio da Igreja também é material. A Caritas diocesana iniciou uma campanha de recolha de fundos, “para distribuir consoantes as necessidades que nos chegarem das Cáritas paroquiais”. Um destacamento do exército pediu para ficar alojado no Seminário Metropolitano de Moncada, e o arcebispo atendeu ao pedido.
Há, contudo, quem pareça não ter atendido aos pedidos de ajuda da população.
“Não gostava de julgar o trabalho dos governantes. A tragédia foi tão grande que penso que era inesperado o que acabou por suceder”. E por isso, diz, é esperar para ver “até que ponto se podia ter reagido melhor”.
Sendo natural de Valência, o arcebispo viveu de forma intensa os últimos dias.
“Da minha família, só um primo viu a sua casa ser destruída, porque vive em Alfafar. Mas tenho amigos, conhecidos, seminaristas, sacerdotes, gente das paróquias. Quando conheces pessoas que sofreram, partilhas o sofrimento de forma distinta face aos anónimos que também sofreram. Somos humanos. É assim”…
Agora, a Igreja em Valência tem pela frente uma grande tarefa: enterrar os falecidos, consolar os seus familiares e estar perto dos que sofreram perdas irreparáveis. Porque “por detrás de cada pessoa que viveu esta situação, há uma história impressionante”.