02 nov, 2024 - 08:00 • João Cunha
Numa das ruas do Bairro de San Marcelino, em Valência, vê-se, á beira da estrada, um aviso num placard branco: ponto de recolha: temos água, roupa e comida.
Do outro lado da rua, para onde aponta a seta escrita no quadro, está o pavilhão desportivo Ramiro Jover, que acolhe o clube de basquetebol Petraher. Um clube inclusivo, que aceita todos os que queriam experimentar a modalidade. De tal forma que tem uma equipa de jogadores em cadeira de rodas.
“Somos um clube muito participativo e solidário. Aqui há crianças com deficiências e temos essa vocação de participar e poder ajudar. E tivemos de o fazer, agora”, explica Luis Cebrian, o coordenador dos treinadores do Petraher, que acrescenta o que os levou a tomar a decisão de fazer alguma coisa para ajudar os afetados.
Confrontados com o “rio de gente” que passava á porta para ir ajudar, perceberam que se tratava de “um ponto estratégico para recolher coisas, e que as pessoas as levavam, a pé.
“Vimos que era uma boa ideia e funciona muito bem. Estamos muito contentes”.
No interior do pavilhão, uma dezena de pessoas separa roupas. Duas mães de atletas do clube preparam sanduiches. Pelo chão, espalha-se roupa de cama, calças, sapatos e t-shirts, para depois serem colocadas em cima de mesas. No exterior, acondicionam-se pacotes de massa e de leite, águas, medicamentos, fraldas, fruta… E mais uma carrinha cheia de doações abre as portas traseiras para descarregar.
As ajudas chegaram de tal forma que já estão a pensar em organizar-se melhor.
“Creio que vamos precisar por um momento e organizar tudo muito bem, porque vão chegar mais coisas”, espera Luis Cebrian, preocupado com a necessidade de comunicar com quem está do outro lado, para saber do que precisam e como distribuir essa ajuda. “Não somos profissionais nesta área, fizemo-lo de boa vontade. E agora há que tentar fazê-lo bem”.
Porque quem está do outro lado do rio Túria merece. E porque do lado de cá, salvaram-se “por milagre. Estamos a 500 metros do desastre”.