02 nov, 2024 - 15:55 • Susana Madureira Martins , Fábio Monteiro
Nas últimas 24 horas, a Comunidade Valenciana queixou-se de alegados atrasos na ajuda por parte do Governo de Pedro Sánchez.
O ónus de pedir auxílio, no entanto, está nas mãos da própria comunidade, diz à Renascença o antigo embaixador em Espanha, António Martins da Cruz.
O antigo diplomata lembra que Espanha “é um país quase federal”, o que "significa que as comunidades autónomas têm muito poder”.
E nota ainda: o facto de a comunidade valenciana ser governada pelo PP – um partido de direita - pode complicar a comunicação com o Governo central.
“O Governo central só pode ajudar uma comunidade autónoma se ela pedir. Ainda por cima, temos de ter presente que, em Espanha, o ambiente político está muito polarizado. Ou seja, de um ponto de vista ideológico e de um ponto de vista de partidos políticos há uma luta permanente em Espanha, muito mais violenta do que a que temos em Portugal. E a comunidade de Valência é governada pelo PP, ou seja, pelo partido de direita, o partido da oposição em Espanha, e isso também dificulta seguramente o diálogo entre o Governo central e a comunidade de Valência”, explica.
O presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, atualizou este sábado para 211 o número de mortos em resultado da tempestade que afetou o país e em especial a Comunidade Valenciana.
Sánchez anunciou ainda que vão para o terreno mais cinco mil militares e que vai solicitar a ajuda dos parceiros europeus, nomeadamente através do Fundo Europeu de Solidariedade, entre outros instrumentos comunitários.
Alberto Núñez Feijóo, líder do PP, fez este sábado uma publicação, na rede social X, a criticar a atuação do Governo.
“Numa emergência nacional nenhum governo espera, mas sim atua”, escreveu.
O que aconteceu em Valência “não é um problema de uma Comunidade Autónoma, é uma urgência nacional”, frisou.
Também Santiago Abascal, líder do VOX, acusou Sánchez de inação.
"Sánchez é o primeiro responsável por não ter ativado todos os recursos do Estado quando ainda se podiam salvar vidas", acusou.