02 nov, 2024 - 10:00 • André Rodrigues
A poucos dias das eleições nos Estados Unidos, o presidente da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho, lamenta que a campanha entre Donald Trump e Kamala Harris se resuma a “muita divisão, muito ódio e poucas ideias”.
No comentário semanal do programa "Manhã, Manhã", da Renascença, Nuno Botelho admite que “a sociedade está dividida como há muito já não se via” e que a possibilidade de Trump ser reeleito para a Casa Branca é “inquietante” para uma Europa que enfrenta dois conflitos às suas portas, na Ucrânia e no Médio Oriente.
“No contexto internacional, com a invasão da Rússia à Ucrânia, com o conflito no Médio Oriente, com os BRICS a quererem instalar uma nova ordem mundial, ter uma pessoa na Casa Branca com as características de Donald Trump é uma situação, a todos os títulos, inquietante”, sublinha.
Comentando a polémica em torno do humorista Tony Hinchcliffe que, num comício do Partido Republicano, no Madison Square Garden de Nova Iorque, referiu-se a Porto Rico como uma “ilha flutuante de lixo”, o empresário e jurista fala em “ataque deplorável” à comunidade porto-riquenha, mas entende que a resposta de Joe Biden – que classificou os apoiantes de Donald Trump como lixo – é “terrível” para Kamala Harris.
"Foi uma oferta de bandeja ao adversário, numa campanha tão difícil, tão decisiva e tão empatada."
Presidenciais EUA
Os cenários são improváveis mas não impossíveis, d(...)
Ainda assim, Botelho afasta a ideia de que este episódio possa ser determinante no desempate entre os candidatos à Casa Branca: “todos os americanos já perceberam que Joe Biden, com pena o digo, não estará já na posse de todas as suas faculdades e, portanto, Kamala está a tratar de desdramatizar todas as suas as suas declarações”.
Seja como for, o presidente da Associação Comercial do Porto acredita que "fugiu a boca para a verdade" nas palavras do humorista Hinchcliffe sobre Porto Rico, num comício do Partido Republicano que tem em Donald Trump um candidato com posições bem definidas contra a imigração e contra as minorias nos Estados Unidos.
“E isso é que é incrível. Como é que alguém vai ao palco e diz aquilo que, no fundo, se calhar, é dito atrás do palco?”, remata.
Economia portuguesa a acelerar. “Com o abrandamento da inflação, o abrandamento das taxas de juro, há mais rendimento disponível para as famílias, há manutenção do emprego em Portugal e, portanto, o meu Norte vai para o acelerador português. Embora não sejam números estratosféricos de crescimento (1,9% face a 2023), se olharmos para Espanha, para a Alemanha ou para França, isto dá um sinal muito positivo sobre a atividade económica em Portugal”.
DANA e alterações climáticas. “A tempestade de Valência é uma tragédia inimaginável e um fenómeno extremo do clima que nos deixa um sinal de alerta para a importância de travar a ameaça do aquecimento global e para a necessidade de persuadir os países mais poluentes do Mundo a acompanhar a Europa neste objetivo. Se aquela região é propícia a intempéries, não é propícia ao que aconteceu, porque não é normal o grau de destruição que nós vimos, não são normais as imagens que vimos em Espanha. Desse ponto de vista, os BRICS são o bloco mundial que mais tem de contribuir para esse objetivo”.