01 nov, 2024 - 21:50 • João Pedro Quesado com Reuters
A principal procuradora do Arizona, uma democrata, disse esta sexta-feira que está a investigar se o candidato presidencial republicano Donald Trump violou a lei estadual ao sugerir que Liz Cheney, ex-congressista republicana e crítica proeminente do ex-Presidente, deveria enfrentar tiros em combate.
Trump provocou indignação pelo comentário sobre Cheney, dito num evento de campanha no estado decisivo do Arizona na quinta-feira. A campanha republica disse que o ex-Presidente estava a criticar Cheney por ser belicista, mas os críticos condenaram as observações como evidência de que ele vai perseguir os seus inimigos se vencer as eleições presidenciais de 2024 contra a democrata Kamala Harris.
"Ela é uma falcão de guerra radical", disse Trump sobre Cheney, usando um termo político habitualmente aplicado aos que adotam uma retórica mais agressiva e preferem uma abordagem militar em situações de tensão internacional. "Vamos colocá-la com uma espingarda ali, com nove armas a disparar contra ela, ok? Vamos ver como ela se sente sobre isso quando as armas estão apontadas para a cara dela", declarou Donald Trump.
Em declarações a um canal de televisão local na sexta-feira, a procuradora-geral do Arizona, Kris Mayes, disse que Trump pode ter violado leis estaduais que proíbem ameaças de morte.
"Já pedi ao chefe da minha divisão criminal para começar a analisar essa declaração para ver se ela se qualifica como uma ameaça de morte segundo as leis do Arizona", disse Mayes ao 12News.
Mayes disse que ainda não era claro se o comentário de Trump encaixa na definição de liberdade de expressão protegida ou de uma ameaça criminosa.
"Essa é a questão, se ele realmente cruzou a linha. É profundamente preocupante", disse Mayes. "É o tipo de coisa que irrita as pessoas e que torna a nossa situação no Arizona e em outros estados mais perigosa", apontou a responsável judicial.
A queixa, entregue num tribunal do estado do Texas(...)
"O presidente Trump está 100% correto ao dizer que belicistas como Liz Cheney são muito rápidos em começar guerras e enviar outros americanos para lutar nelas, em vez de entrarem em combate eles mesmos", disse uma porta-voz da campanha de Trump, declarando que "esta é a continuação da mais recente indignação da comunicação social falsa dias antes da eleição numa tentativa flagrante de interferir em nome de Kamala Harris".
Tanto a vice-presidente Harris quanto Cheney, uma ex-republicana de topo na Câmara dos Representantes dos EUA que apoia a candidatura de Harris à Casa Branca, denunciaram os comentários de Trump.
Harris disse aos jornalista que Trump "está cada vez mais instável e desequilibrado", e que "qualquer um que queira ser presidente dos Estados Unidos e use esse tipo de retórica violenta está claramente desqualificado e desqualificado para ser presidente".
Numa publicação nas redes sociais, Cheney declarou que "é assim que os ditadores destroem nações livres. Eles ameaçam aqueles que falam contra eles com a morte. Não podemos confiar o nosso país e a nossa liberdade a um homem mesquinho, vingativo, cruel e instável que quer ser um tirano."