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Greve geral em Moçambique. Polícia pede à população que se abstenha de "práticas criminosas"

31 out, 2024 - 06:40 • Lusa

O candidato da oposição Venâncio Mondlane apelou à população que faça greve a partir desta quinta-feira. O Ministro do Interior acusa Mondlane de estar a "comandar", a partir da África do Sul, à "manipulação da opinião pública", incitando à violência.

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A polícia moçambicana enviou na madrugada desta quinta-feira mensagens escritas para os telemóveis (SMS) pedindo à população que se abstenha de "práticas criminosas", no primeiro dia de uma greve geral de uma semana convocada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.

"A vandalização e sabotagem de infraestruturas e bens públicos e privados, a obstrução de vias de acesso, a queima de pneus nas rodovias, são atos que interferem negativamente na ordem pública no país", lê-se na SMS que está a ser enviada pela Polícia da República de Moçambique (PRM).

"Abstenha-se destas práticas criminosas", apela ainda a mensagem.

Venâncio Mondlane apelou a uma greve geral de uma semana em Moçambique a partir desta quinta-feira, manifestações nas sedes distritais da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e marchas em Maputo em 07 de novembro.

"Vamos encher toda a cidade de Maputo e estou a prever quatro milhões de moçambicanos (...), uma enchente nunca vista", apelou, reconhecendo estar a pedir "um sacrífico" à população.

É visível um reforço policial nas principais artérias da cidade, mas sem registo de problemas até ao momento.

É possível constatar também que serviços de Internet como a plataforma de mensagens WhatsApp estão a operar com limitações, pelo menos em Maputo.

Mondlane designou esta como a terceira etapa da contestação aos resultados das eleições gerais de 09 de outubro anunciados há uma semana pela CNE, que se segue aos protestos realizados nos passados dias 21, 24 e 25.

Os protestos degeneraram em confrontos com a polícia, de que resultaram pelo menos 10 mortos, dezenas de feridos e 500 detidos, segundo o Centro de Integridade Pública, uma organização não-governamental moçambicana que monitoriza os processos eleitorais.

O protesto convocado por Mondlane recebeu o apoio de cerca de quarenta partidos políticos de oposição, sobretudo extraparlamentares, que anunciaram quarta-feira uma "aliança inédita" para contestação dos resultados anunciados pela CNE e prometeram "liderar o povo" nas contestações, considerando que se trata de um direito constitucional.

Também na quarta-feira, o Governo moçambicano avisou que "não quer que se repita" a paralisação quase total registada em três dias da semana passada, prometendo segurança às empresas, perante o apelo a sete dias de greve.

"O nosso apelo é que as empresas se mantenham abertas. O nosso apelo é que os trabalhadores, os funcionários, se dirijam aos locais de trabalho. O Governo vai fazer o seu melhor para garantir a segurança e queremos que o país não tenha paragem, porque isso vai ter grandes efeitos na economia do país", disse o ministro da Indústria e Comércio, Silvino Moreno.

Na segunda-feira, a Polícia da República de Moçambique anunciou que abriu um processo-crime contra Venâncio Mondlane e apoiantes, pela escalada de violência pós-eleitoral no país.

Segundo o ministro do Interior, Pascoal Ronda, Mondlane está a "comandar", a partir da África do Sul, a "manipulação da opinião pública", incitando à violência.

A CNE anunciou no passado em 24 de outubro a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, partido no poder desde 1975, na eleição a Presidente da República de 09 de outubro, com 70,67% dos votos.

Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirmou não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

A Frelimo reforçou ainda a maioria parlamentar, passando de 184 para 195 deputados (em 250), e elegeu todos os 10 governadores provinciais do país.

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