02 out, 2024 - 16:21 • Lusa
Milhares de iranianos concentraram-se nas ruas de Teerão para comemorar o ataque de terça-feira com mísseis contra Israel, embora a grande maioria da população tenha demonstrado indiferença, segundo relatou a agência noticiosa espanhola EFE.
Com cânticos de "morte a Israel" e "morte à América", os manifestantes reuniram-se na Praça Imam Hussein nesta quarta-feira, onde também se ouviram frases de apoio ao "Eixo da Resistência", uma aliança informal anti-israelita liderada por Teerão e que integra os libaneses do Hezbollah, os palestinianos do Hamas, os Huthis do Iémen e as milícias xiitas do Iraque.
"Haniyeh, Hassan, o vosso caminho continua", cantavam os manifestantes, referindo-se aos líderes mortos do Hamas (Ismail Haniyeh) e do Hezbollah (Hassan Nasrallah).
A multidão agitava as bandeiras do Irão e dos seus aliados Hezbollah, Líbano e Palestina, bem como as fotografias de Nasrallah, segundo os relatos da agência noticiosa estatal IRNA.
A manifestação ocorreu um dia depois do lançamento de cerca de 200 mísseis, incluindo mísseis hipersónicos, segundo o regime de Teerão, contra o território israelita, em resposta aos assassinatos de Nasrallah, do general de brigada da Guarda Revolucionária iraniana Abbas Nilforushan, e de Haniyeh. Da parte de Israel foi estimado o disparo de 180 mísseis.
Apesar desta concentração na capital do Irão, e de acordo com a EFE, a grande maioria dos iranianos viveu o dia com aparente normalidade e com uma certa despreocupação no rescaldo dos ataques.
"Por agora estou a viver normalmente, a fazer as compras de rotina e na cidade até está tudo normal e parece que não aconteceu nada", disse Mahan, uma dona de casa de 58 anos, que estava num supermercado cheio de clientes no norte de Teerão.
O especialista em assuntos internacionais da Unive(...)
Ainda assim, expressou receio sobre as consequências do ataque contra Israel.
"Acho que teria sido melhor se o Irão não tivesse atacado Israel", disse a mulher, em declarações à EFE.
Israel prometeu punir o Irão pelos mísseis disparados contra o seu território na terça-feira à noite, ameaçando ainda com uma resposta ainda mais forte se o país voltar a ser visado.
O bombardeamento iraniano de terça-feira foi o segundo feito por este país diretamente contra Israel, após um outro realizado em abril em resposta a um ataque aéreo mortal ao consulado iraniano em Damasco, que Teerão atribuiu a Israel.
Os israelitas têm bombardeado redutos dos xiitas libaneses do Hezbollah, incluindo ataques violentos no sul de Beirute na madrugada de hoje.
Desde o mês passado, Israel divergiu a atenção da guerra na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque de 7 de outubro de 2023 contra o seu território pelo movimento islamita palestiniano Hamas, para proteger a sua fronteira norte com o Líbano, onde o exército de Telavive combate o Hezbollah.
Israel e Hezbollah estão envolvidos num intenso fogo cruzado diário desde outubro de 2023, após o ataque do Hamas em solo israelita que desencadeou a atual guerra na Faixa de Gaza, levando a que dezenas de milhares de pessoas tenham abandonado as suas casas em ambos os lados da fronteira israelo-libanesa.