02 out, 2024 - 21:59 • Lusa
O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, qualificou de "improdutiva" a recente decisão de Israel de declarar o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, como 'persona non grata'.
"Medidas como estas não são produtivas para (Israel) melhorar a sua posição no mundo", avaliou Miller.
"A ONU realiza um trabalho extremamente importante em Gaza e na região. E a ONU, quando atua no seu melhor, pode desempenhar um papel importante em termos de segurança e estabilidade", acrescentou o porta-voz em declarações à imprensa.
A posição de Miller surgiu pouco depois de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, em que os Estados Unidos se destacaram como o único membro permanente do órgão a ignorar o ataque de Israel a António Guterres.
Na reunião, os embaixadores de França, Reino Unido, China e Rússia nas Nações Unidas defenderam Guterres e expressaram "apoio total" ao seu trabalho, enquanto a diplomata norte-americana não fez a menor alusão ao assunto.
O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, anunciou esta quarta-feira ter declarado o secretário-geral da ONU "persona non grata" no país, criticando-o por não ter condenado o ataque massivo do Irão a Israel na noite de terça-feira.
"Qualquer pessoa que não possa condenar inequivocamente o ataque hediondo do Irão a Israel não merece pôr os pés em solo israelita. Estamos a lidar com um secretário-geral anti-Israel, que apoia terroristas, violadores e assassinos", disse Katz num comunicado.
Na terça-feira, Guterres condenou o alargamento do conflito no Médio Oriente "com escalada após escalada" e apelou a um cessar-fogo imediato após o Irão atacar Israel com mísseis.
António Guterres reagiu esta quarta-feira às críticas de Israel, afirmando ter condenado implicitamente o regime iraniano numa declaração divulgada na noite de terça-feira.
Por sua vez, o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, classificou quarta-feira a decisão israelita como "política" e avaliou tratar-se de "apenas mais um ataque ao pessoal da ONU da parte do Governo de Israel", mas sem efeitos jurídicos.
Dujarric sublinhou que a ONU tradicionalmente não reconhece o conceito de 'persona non grata' como aplicável ao pessoal da organização.