28 set, 2024 - 08:28 • Daniela Espírito Santo , Liliana Monteiro , Teresa Almeida , Carla Fino com agências
O exército de Israel garante, este sábado, que o líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, morreu na sequência da madrugada de ataques das forças israelitas em Beirute, Líbano, nas últimas horas.
A milícia xiita libanesa não confirmou a morte inicialmente, mas acabou por admitir, já ao início da tarde de sábado, que Nasrallah morreu nos ataques a sul de Beirute na sexta-feira à noite.
A sede do Hezbollah em Beirute, onde estava Nasrallah, era um alvo militar legítimo ao abrigo do direito internacional, assegura o porta-voz militar israelita.
Daniel Hagari adianta que Israel emitiu rigorosas diretrizes aos civis que habitam no centro do território e limitou encontros para não mais de de mil pessoas. O porta-voz de Israel admite ainda que os próximos dias vão ser desafiantes e reafirma que Israel não procura uma escalada mais ampla do conflito na região: quer trazer os reféns para casa e garantir a segurança das fronteiras.
A confirmação da morte também é feita pelo governo francês, numa altura em que o exército do Líbano está em alerta máximo, com receio da reação popular á morte do líder: tropas montaram guarda nas principais artérias da cidade de Beirute.
Entretanto, o grupo palestiniano Hamas reagiu à morte do líder do Hezbollah. Também em comunicado, afirma que o assassinato de Nasrallah "só fortalece a resistência a Israel". O Iraque decretou três dias de luto nacional pela morte do líder do Hezbollah.
Nasrallah liderava o Hezbollah desde 1992.
Em retaliação, um míssil do Líbano foi disparado contra o centro de Israel e caiu numa área aberta, admite o Exército israelita. Foram lançados na última hora vários rockets contra Israel, embora sem grande sucesso. A ideia era atingir Kibutz, na Galileia.
É a resposta depois da última noite ter ficado marcada por intensos ataques de Telavive à capital do Líbano. Durante a noite, vários hospitais no sul de Beirute foram evacuados e os doentes foram transferidos para outros hospitais da cidade.
Foram atacados alvos civis também nos subúrbios em pelo menos cinco bairros, alvos esses que, alegadamente, albergavam depósitos de armas, fábricas de munições e centros de comando do Hezbollah. Há registo de pelo menos oito mortos.
O movimento islamista negou "as alegações" israelitas sobre a presença de depósitos de armas em blocos de apartamentos. As forças israelitas afirmaram, também no Telegram, ter matado o comandante de uma das unidades de mísseis do movimento, Mohammed Ali Ismaïl, e o adjunto Hossein Ahmed Ismaïl, no sul do Líbano, num outro ataque aéreo.
"Outros comandantes e terroristas do Hezbollah foram eliminados ao mesmo tempo", acrescentaram.
O exército israelita disse que aviões estavam a sobrevoar a zona em torno do aeroporto da capital para impedir que o Hezbollah receba armas do Irão.
As forças israelitas indicaram ainda que estavam a realizar ataques contra alvos do Hezbollah na região de Tiro (sul) e em Bekaa, outro reduto do movimento xiita no leste do Líbano.
Centenas de famílias amontoadas em carros fugiam do sul de Beirute, na sequência de um apelo do exército israelita para abandonarem a área. A meio da noite, formaram-se engarrafamentos nas ruas da capital, habitualmente desertas a esta hora do dia e mergulhadas na escuridão devido à falta de eletricidade, indicou a agência de notícias France-Presse.
Esta noite, o exército israelita também terá eliminado outro líder terrorista, desta feita o chefe do Hamas no sul da Síria, Ahmad Muhammad Fahd, num ataque levado a cabo durante a madrugada, avança a Reuters.
Mais de 50 mil pessoas já cruzaram, no entretanto, a fronteira para a Síria fugindo dos ataques aéreos israelitas e mais de 200 mil estão deslocados dentro do Líbano. Os números são do Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados. Na rede social X, Filippo Grandi adianta que, nesta altura, estão em curso operações de socorro para ajudar os necessitados, em coordenação com os governos libanês e sírio.
O presidente da Turquia também já veio condenar o ataque israelita ao Líbano, garantindo que está ao lado do povo e governo libaneses.
Igualmente na rede social X, Tayyip Erdogan adianta que o país se tornou no novo alvo da política israelita de genocídio, ocupação e invasão e apela ao Conselho de Segurança da ONU e outros órgãos para pararem Israel.
"A entidade israelita prossegue a sua guerra brutal contra os países da região, na Palestina, no Líbano e na Síria", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros sírio num comunicado divulgado pela agência oficial SANA.
Para o regime do Presidente Bashar Al-Assad, Israel cometeu na sexta-feira "um novo crime contra a humanidade, ao atingir uma praça residencial no subúrbio sul da capital, Beirute, o que levou à destruição de vários edifícios".
"A insistência da entidade terrorista israelita em derramar sangue e cometer todos os tipos de crimes de guerra e crimes contra a humanidade arrastará toda a região para uma perigosa escalada cujos resultados são difíceis de prever", considerou a diplomacia síria.
O ministério denunciou ainda "o silêncio do mundo" perante o que está a acontecer e reafirmou "o direito dos povos da região a defenderem-se face a esta agressão terrorista israelita", acrescentou a agência oficial síria.
Entretanto o Irão cancelou todas as ligações aéreas para Beirute até nova ordem e a União Europeia recomenda que se evite atravessar o espaço aéreo do Líbano e de Israel, uma recomendação que está em vigor até 31 de outubro.
[Notícia atualizada às 15h19 de 28 de setembro de 2024 para acrescentar detalhes da operação israelita no Líbano, a confirmação da morte de Nasrallah e reações]