26 set, 2024 - 13:35 • Redação
Um homem japonês de 88 anos, que passou quase meio século da sua vida no corredor da morte, foi esta quinta-feira absolvido depois de um novo julgamento.
Iwao Hakamada foi condenado à pena capital em 1968 pela morte do seu chefe, da sua mulher e dois filhos e de ter ateado fogo à residência, dois anos antes. O antigo pugilista profissional passou 46 anos na prisão até 2014, quando novas provas levaram o tribunal a marcar um novo julgamento.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, que cita fontes locais, Hakamada alegava a sua inocência desde então e acusava os investigadores de o terem forçado a confessar os crimes, enquanto os advogados de defesa alegaram que a polícia tinha fabricado provas.
Nesta nova investigação, o tribunal distrital de Shizuoka acabou por reconhecer que três provas foram fabricadas, incluindo a confissão de Hakamada, bem como as peças de roupa que os investigadores alegaram que usava no dia do crime.
“Os investigadores adulteraram as roupas sujando-as de sangue”, lê-se na decisão, onde também se critica o uso de “interrogatórios desumanos destinados a forçar uma declaração, impondo dor física e mental”.
O julgamento foi acompanhado, esta quinta-feira, por centenas de pessoas que fizeram fila no tribunal para garantir lugar. Devido à fragilidade da sua saúde física e mental, Hakamada não esteve presente em tribunal. Foi representado durante o julgamento pela sua irmã de 91 anos.
Para os ativistas, defensores do fim da pena de morte, o caso de Hakamada expôs as falhas no sistema de justiça criminal japonês e a crueldade da pena de morte.
“Estamos muito satisfeitos com a decisão do Tribunal de absolver Iwao Hakamada”, referiu Boram Jang, investigador do Leste asiático da Amnistia Internacional, citado por aquele jornal britânico.
O Japão é um dos dois países do G7, juntamente com os EUA, que mantem a pena de morte. Segundo uma sondagem do governo japonês, 80% dos inquiridos consideram a pena de morte “inevitável”. Apenas 9% eram a favor da sua abolição.